sexta-feira, 10 de junho de 2011

TEOLOGIA MORAL DA CAUSA E EFEITO

Por Abner Pedraça

Trata-se de uma teologia pragmática, que visa apenas resultados e, infelizmente, ela encontra repouso e espaço na maioria dos púlpitos. É chamada de moral porque se preocupa apenas com o comportamento e é uma teologia no sentido de cosmovisão. O Livro de Jó é um tratado sobre a Teologia moral da causa e efeito e sua ineficiência.
Primeiro Jó não era judeu. Segundo, originariamente, o Livro de Jó era apenas do capitulo 1 ao 3 e capitulo 42 : 1-6, posteriormente fora acrescentado os demais textos. O Livro de Jó confronta a teologia moral, pois demonstra que somente a sua graça nos basta, só ela é suficiente. Mas nós vivemos numa sociedade influenciada pela mesma. Toda boa ação gera o bem. Nem tudo que esta dando certo é Bíblico, a vida de Jó esta em perfeita ordem, tudo ia bem. Todo relacionamento de Jó estava baseado na moral da causa e efeito, ele fazia sacrifícios pelos filhos, caso os mesmos viessem a pecar. O Livro de Jó faz uma grande pergunta: Existe algum homem que ama a Deus de graça, só pelo que Ele é?
A confissão positiva diz não. Mas Jó é a carta que Deus confia que a humanidade pode servi-lo graciosamente. Uma vez que a graça envolve o trabalho de Deus em nós. Por isso o diabo fala que Jó só adora a Deus pelo que tem.  Aí temos um desafio. Vamos analisar a vida de Jó:
1º ato: O diabo toca a família de Jó. Ele enterra seus filhos isso é antinatural. A teologia moral faz com que qualquer pai pergunte: “Onde errei Deus?” “Onde Deus esta?” Jó não murmura e Deus ironiza a satanás.
2º ato: Satanás vai mais longe. E mais uma vez esta teologia nos faz perguntar “ Por que coisas ruins acontecem as pessoas boas?”, mas a pergunta correta deveria ser “ Por que coisas boas acontece a pessoas ruins como nós?” E isso ninguém pergunta. O caso de Jó vai contra toda teologia que nos é vendida, aqueles que falam que deserto é punição. Ele raspa o seu corpo com casca de vidro, a sua mulher só vê a morte como saída; não devemos julgá-la, pois ela esta inserida neste cenário de sofrimento e dor, com certeza deveria estar perdida e desesperada como qualquer mãe.
3º ato: Esta teologia desumaniza, ela tira o foco do ser e transfere para o ter e fazer.Ela não olha o valor intrínseco do ser humano, ou seja, imago Dei. Agora aparecem os amigos. Onde estavam?
Primeiro disseram que as angústias de Jó se multiplicaram quando ele chegou perto da apostasia, para eles Jó murmurou. Chegando a repetir varias vezes para que se achegasse novamente ao Pai. Não sabiam eles que murmurar é pecado, mas estar no sofrimento é humano. Jesus passou por isso no Getsemani. A tentativa dos amigos de Jó de explicarem o inexplicável, o Mistério Absoluto, fez com que eles mergulhassem cada vez mais profundamente num mundo de disputas teológicas e de argumentações bizarras.

Depois que foram vencidos pelos argumentos de Jó, eles mostraram como estavam totalmente influenciados pela “Teologia Moral da Causa e Efeito”, e resolveram apontar outra causa, agora era o pecado dos filhos de Jó que caíam sobre a sua cabeça. Continuava não dando certo, e como não “achavam em Jó lugar de arrependimento, acusaram-no de ter enriquecido ilicitamente, obtendo tais resultados não pelo trabalho, verdade e justiça, mas pela desavergonhada exploração do próximo. Esses são os argumentos morais que os "amigos" de Jó usaram para tentar entender o porquê de seu sofrimento. Eles tinham que encontrar uma causa.Eles não estavam interessados no sofrimento de Jó. Essa era a teologia dos amigos de Jó. Quanto mais queremos ser espirituais para explicar ou definir o imponderável, mais nos afastamos de Deus.

4º ato: Quando os discípulos chegam e perguntam  “quem pecou?”Jesus desconstrói essa Teologia, pois fala que não fora nem os pais ,nem o filho , mas que era pra ser manifestada a glória de Deus. Voltando aos amigos de Jó, quando seus amigos, definitivamente, viram-se impossibilitados de vencer a Jó, não tinham mais argumentos, sentiram-se ofendidos, e por essa razão, talvez até inconscientemente, baixaram o nível do confronto e apelaram. Um deles foi poético, mas terminou pedindo que Jó confessasse que Deus restituiria. Para eles a causa só poderia ser pecado, sendo motivo de escárnio e ofensas ridículas, Jó pedi para que Deus seja o seu advogado contra o Próprio Deus (Jó 16:19 a 17:3) e os homens. Aqui ele aponta para Cristo, o Cristo da cruz, pois foi lá que Jesus pagou o preço advogando por toda a humanidade. Na Cruz, Deus vence a Si mesmo e Sua misericórdia prevalece sobre o Seu próprio juízo, pois Ele não luta contra o diabo e o homem não contribui em nada para ser redimido, abençoado, é tudo pela Graça. Deus não é bom ou bonzinho, Ele é absoluto. A fidelidade de Deus se antecipa a nossos atos. Nós não entendemos a Graça de Deus, ela é sempre mais exigente.

Concluindo, Jó entende que seu histórico de serviços prestados, seu belo currículo não lhe da vantagem como pensara e se direciona somente a Deus, e só a Ele. Seus diálogos são com o Pai, o Criador de tudo, por Ele, Jó quer ser ouvido e compreendido. Ele é a resposta, o alvo e o refrigério, ao Absoluto Jó atribui todas as coisas, tanto o bem quanto o mal. Deus não da as respostas que Jó deseja. No início do dialogo, Deus mostra de forma graciosa que nem todo sofrimento precisa de um motivo, Deus lhe fala sobre a natureza, a fauna, Ele ministra a primeira aula de Zoologia e tudo isso para que saibamos que não precisa de um motivo, que da mesma forma que Deus é o nosso advogado Ele nos chama para advogarmos por nossos amigos.

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