quinta-feira, 31 de maio de 2012

NÃO TOQUEIS NO UNGID(Ã)O DO SENHOR


Doutrina que manipula e aprisiona 


“Não toqueis no ungido do Senhor”. Essa é a resposta de nove entre dez crentes que crêem em tudo o que lhe pregam sem serem bereianos, quando confrontados com críticas ou acusações contra pastores, apóstolos (?) e demais líderes eclesiásticos.
Não importa se as provas do crime são claras, para esses crentes não nos cabe julgar nem analisar o que a liderança da igreja faz de errado:
cabe aos crentes, segundo essa falsa doutrina, agir como Davi em relação à Saul: simplesmente não fazer nada, e esperar que Deus resolva o negócio e faça a justiça.
E enquanto nada se faz, esses líderes criminosos continuam roubando, matando e destruindo o rebanho de crentes em suas mãos, e trazendo escândalo para o Evangelho, afastando de vez os não-crentes do afã de conhecerem a Verdade de Cristo.
Mas enfim, Davi realmente disse em várias passagens de 1 Samuel que não se deve tocar no ungido do Senhor. E aí?
Em primeiro lugar, temos que deixar bem claro sobre qual ungido Davi se referia. Ele se referia a Saul, atual rei de Israel, porém já destronado por Deus, que havia ungido Davi em seu lugar. Portanto, a primeira coisa que temos que ter em mente é que não se tratava de qualquer ungido, mas de Saul.

Em segundo lugar, temos que entender essa unção que Saul recebeu. Em 1 Samuel 8, lemos que o povo queria um rei no lugar dos antigos juízes que governavam Israel. Deus não tinha esse desejo, pois o querer um rei era um desejo do povo de que Deus já não reinasse mais sobre eles. Porém Deus resolveu satisfazer Israel, e escolheu Saul como rei.
Em 1 Samuel 10, lemos o profeta Samuel indo ungir Saul como rei:
“Então tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e beijou-o, e disse: Porventura não te ungiu o SENHOR por capitão sobre a sua herança? Apartando-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou o negócio das jumentas, e anda aflito por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho? E quando dali passares mais adiante, e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel; um levando três cabritos, o outro três bolos de pão e o outro um odre de vinho. E te perguntarão como estás, e te darão dois pães, que tomarás das suas mãos. Então chegarás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e eles estarão profetizando. E o Espírito do SENHOR se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e tornar-te-ás um outro homem. E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo. Tu, porém, descerás antes de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a ti, para sacrificar holocaustos, e para oferecer ofertas pacíficas; ali sete dias esperarás, até que eu venha a ti, e te declare o que hás de fazer. Sucedeu, pois, que, virando ele as costas para partir de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro; e todos aqueles sinais aconteceram naquele mesmo dia.”

1 Samuel 10.1-9
E Saul ficou cheio do Espírito Santo, e em 1 Samuel 11.15, finalmente Saul é proclamado rei. Porém a unção que Saul recebeu era apenas para reinar, não para ser sacerdote ou líder espiritual do povo. Essa função era para algumas pessoas específicas, como o profeta Samuel. Não cabia a Saul as funções sacerdotais, sendo esse um dos pecados que o fez perder o reinado em Israel:

“E os filisteus se ajuntaram para pelejar contra Israel, trinta mil carros, e seis mil cavaleiros, e povo em multidão como a areia que está à beira do mar; e subiram, e se acamparam em Micmás, ao oriente de Bete-Aven. Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em apuros (porque o povo estava angustiado), o povo se escondeu pelas cavernas, e pelos espinhais, e pelos penhascos, e pelas fortificações, e pelas covas. E alguns dos hebreus passaram o Jordão para a terra de Gade e Gileade; e, estando Saul ainda em Gilgal, todo o povo ia atrás dele tremendo. E esperou Saul sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se dispersava dele. Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar. Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda à face do SENHOR não orei; e constrangi-me, e ofereci holocausto. Então disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o SENHOR teu Deus te ordenou; porque agora o SENHOR teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre; porém agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o SENHOR para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o SENHOR, que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou.”
1 Samuel 13.5-14
O outro pecado de Saul ocorreu em 1 Samuel 15, quando desobedeceu à ordem do Senhor ao não destruir o melhor do rebanho dos amalequitas, com a desculpa de que usaria o rebanho como sacrifício, onde Samuel disse que é melhor obedecer do que sacrificar.
Assim, em 1 Samel 16 lemos o Espírito do Senhor deixando Saul e passando a habitar Davi, o novo rei ungido:


“Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui. Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o SENHOR: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo. Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá. E o Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau da parte do SENHOR.”

1 Samuel 16.11-14
Ou seja, Saul deixou de ter o Espírito Santo, mas continuou sendo rei de Israel por vários anos. Nesses anos, o Espírito Santo estava com o novo ungido, Davi, que porém ainda não havia sido reconhecido rei pelo povo. Dessa forma, Davi servia ao rei Saul e foi perseguido por seus exércitos, e aí chegamos à passagem que abriu esse artigo, quando Davi teve real chance de aniquilar Saul, mas não o fez por considerá-lo ungido do Senhor.
Realmente, o que impediu Davi de se levantar contra Saul não foi o poder do Espírito Santo no antigo rei, pois este já o tinha deixado e Saul não passava de um endemoniado. Porém, mesmo endemoniado, Saul continuava sendo rei, e em razão desse título que Davi o poupou. Uma vez ungido rei, sempre rei. Deus tirou Saul do reinado, porém isso só se concretizou com sua morte, não havendo rebelião para que isso acontecesse e Davi tomasse o poder em seu lugar. A unção de rei permaneceu com Saul por toda a sua vida, mas o Espírito de Deus não.
Entendido tudo isso, vamos agora analisar a doutrina do “não toqueis no ungido” nos dias de hoje. Por que ela não é válida?
Como visto, a unção a qual Davi se referia dizia respeito ao direito de reinar sobre Israel, não sobre possuir funções eclesiásticas. 
As funções de governo do Estado e eclesiásticas eram bem divididas naquele tempo, embora Israel fosse um Estado teocrático. Portanto, a não ser que algum líder de igreja seja também rei nomeado por Deus (olha eu dando idéia para novos títulos, que Deus me perdoe) em sua localidade, nenhum líder religioso atual se enquadra nesse quesito.
Sobre como devemos agir em relação ao líderes religiosos e qualquer cristão, a Bíblia é bastante clara:
“E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.”
Atos 17.10-11


“Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.”

1 Coríntios 5.9-13
Chega desse engano do “não toqueis no ungido do Senhor”, engano esse que tem transformado a igreja em covil de salteadores. O rebanho tem que aprender a buscar na Palavra se o que seus líderes pregam é verdade ou não, tem que aprender a raciocionar, a analisar, a meditar dia e noite na Palavra, mas é isso mesmo que os lobos em pele de cordeiro não querem que aconteça, e por isso acorrentam suas ovelhas em falsas doutrinas que visam cegar e conformar o rebanho à sua própria vontade, não à de Deus.
Deus nos enviou Cristo para que fôssemos libertos, mas onde há liberdade se nem ao menos podemos criticar um líder eclesiástico por seus falsos ensinos ou sua má conduta, com a desculpa que de o fulano é “ungido”?
O Apóstolo (de verdade) Paulo era bem ungido, disso não há dúvidas, mas nem por isso ficou chateado ao ser confrontado pelo povo de Beréia em seus ensinamentos. Por que os apóstolos (?) e líderes dos dias de hoje ficam melindrados, e até amedrontam suas ovelhas com a promessa de inferno para o “pecado de rebeldia” que seria se levantar contra um “ungido” do Senhor? E por que as ovelhas, que também têm unção (já que recebem o Espírito Santo desde sua conversão), ao contrário dos líderes religiosos, podem e são fortemente exortadas (se seu dízimo for baixo, claro) quando encontradas em erro?
Isso é estelionato gospel, e dos bons.
Graças à essa mentira (a própósito, quem é o pai da mentira mesmo?) vemos igrejas destruídas por pertencerem (a palavra é essa mesma) a líderes criminosos, que adulteram as Escrituras a seu bel-prazer e agem como se a justiça de Deus e dos homens não valesse para eles. Enquanto isso, às ovelhas cabe apenas se conformar, “Deus quer assim”, “quem faz a justiça é Ele”, “só nos cabe orar”.
Povo de Deus, vamos abrir os olhos! Temos que orar, a justiça é de Deus, mas Ele usa homens e mulheres para que Sua justiça seja feita nessa terra!
Se Lutero pensasse assim, ainda hoje estaríamos comprando indulgências (se bem que essa prática perniciosa continua ocorrendo nos dias de hoje, na forma de lenços suados, rosa ungida, sabonete ungido, etc).
Como povo de Deus, temos que ser carvalhos de justiça principalmente em nosso meio, tirando os lobos que querem devorar nossas ovelhas! Se não o fizermos, não sobrará ovelha nenhuma no final da história, pois todas serão enganadas…
O “não toqueis no ungido do Senhor” é uma desculpa muito da mal feita para líderes que têm algo a esconder. Quando um líder pregar isso para você, fique ainda mais atento, pois quem está na luz não tem medo de ser julgado, afinal nada se encontrará que o desabone; ao contrário, quem está em trevas não quer que o candeeiro seja colocado em cima da mesa e ilumine o ambiente, pois isso trará à luz toda a podridão escondida em nome de Deus.

domingo, 20 de maio de 2012

14 RAZÕES PORQUE O APÓSTOLO PAULO MORREU NA MISÉRIA



À luz dos ensinamentos dos teólogos da prosperidade que afirmam que o servo de Deus tem que ser rico, descobri os verdadeiros motivos que levaram o Apóstolo Paulo a morrer na mais profunda miséria.
Infelizmente, o Apóstolo de Cristo aos gentios, não “entendeu” as revelações bíblicas cometendo erros gravissimos como:

1º- Não decretar a bênção da vitória na sua vida.

2º- Não amarrar o principado da miséria.

3º- Não quebrar as maldições hereditárias provenientes de seus antepassados.

4º- Não entender a visão da multiplicação do movimento G12.

5º- Não receber a revelação do DNA da honra de Deus.

6º- Não possuir as unções do cachorro, leão, águia, macaco, lagartixa, vômito e etc.

7º- Não tomar posse da bênção.

8º- Não semear as sementes da prosperidade.

9º- Não ter sido promovido a “paipostólo”

10º- Não ter trocado de anjo da guarda.

11º- Não ter elaborado nenhum mapeamento de batalha espiritual.

12º- Não ter recebido revelações do inferno.

13º- Não ter emitido nenhum ato profético.
14º- Não ter desenvolvido o hábito de orar em montes.

Caro leitor, segundo a ótica dos teólogos da prosperidade Paulo foi um fracassado, um pastor incompetente que não soube desfrutar das bênçãos de Deus.
Triste isso não?
Isto posto, resta-nos rogar a Deus pedindo misericórdia, como também que livre a sua igreja desta doutrina nojenta e anticristã.
Pense nisso!
***
Púlpito Cristão

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Eu só queria saber…


Por favor, alguém pode me explicar por que palavras como “paixão”, “fogo”, “glória”, “poder” e “unção” vendem muito mais CDs do que “graça”, “misericórdia” e “perdão”?

 

Por que aqueles que mais falam sobre “prosperidade” evitam sistematicamente textos como Tiago 2:5, I Timóteo 6:8 e Habacuque 3:17-18?

Por que se fala tanto em dízimo, defendendo-o com unhas e dentes, mas quase nada se fala sobre ter tudo em comum e outras coisas como “ajudar os domésticos na fé” e “não amar somente de palavra e de língua mas de fato e de verdade”? Em qual proporção a Bíblia fala de uma coisa e de outra?

Por que em Atos 4, quando os apóstolos foram presos, a igreja orou de forma tão diferente do que se ora hoje? Por que não aproveitaram a ocasião pra “amarrar o espírito de perseguição”, pra “repreender a potestade de Roma”, ou coisa semelhante?

Por que Atos 2:4 é muito mais citado como modelo do que era a igreja primitiva do que Atos 2:42?

Por que todo mundo sabe João 3:16 de cor, mas tão pouca gente sabe I João 3:16?

Por que 90% ou mais dos cânticos congregacionais modernos são na primeira pessoa do singular (EU), quando a proporção nos salmos é muito menor?

Por que todo mundo aceita que Jesus curou e colheu espigas no sábado, aceita também que Deus ordenou que seu povo matasse vários povos rivais, mas se escandaliza absurdamente quando alguém diz que Raabe fez certo ao mentir para preservar duas vidas? O que vale mais, em situação de conflito, que um soldado pagão saiba a verdade ou a vida de dois homens? Será que se Raabe tivesse dito a verdade, teria sido elogiada em Hebreus 11?

Por que quase tudo que se vende numa livraria cristã foi produzido nos últimos 50 anos, se nosso legado é de 2.000 anos de História do Cristianismo? O que aconteceu com os outros 19 séculos e meio?

Por que os cristãos creem que o homem foi nomeado por Deus como o responsável pela criação, e que tudo que Deus criou é bom, mas são os esotéricos os que mais lutam pela defesa do meio-ambiente?

Por que todos os ritmos de origem na raça negra até hoje são considerados por alguns como diabólicos?

Por que se canta tanto sobre coisas tão etéreas como “rios de unção” e “chuvas de avivamento”, ao passo que Jesus usava sempre figuras do cotidiano para ensinar, como sementes, pássaros e lírios?

Por que se amarra, todos os anos, tudo quanto é “espírito ruim” das cidades, fazendo marcha e tudo, mas as cidades continuam do mesmo jeito? Aliás, se os “espíritos ruins” já foram “amarrados” uma vez, por que todo ano eles precisam ser “amarrados” de novo?

Por que se canta todos os dias “Hoje o meu milagre vai chegar”? Afinal, ele não chega nunca? Que dia está sendo chamado de “hoje”?

Por que Jó não cantou “restitui, eu quero de volta o que é meu”, nem declarou ou amarrou nada, muito menos participou de “campanha de libertação” quando perdeu tudo?

Por que nós nunca vamos ao médico e pedimos, “doutor, dá pra queimar essa enfermidade pra mim por favor”? Por que então se ora pedindo isso pra Deus? Seria correto orar assim pra Deus curar alguém enfermo por causa de queimadura?

Por que não se faz um mega-evento evangélico, desses que reúnem um milhão de pessoas ou mais, pra fazer um mutirão para distribuir alimentos aos pobres ou ainda para recolher o lixo da cidade? Aliás, por que se emporcalha tanto as cidades com óleo e outras coisas nos tais “atos proféticos”? Não seria um melhor testemunho limpá-la ao invés de sujá-la?

Por que as rádios evangélicas tocam tanta coisa produzida por gravadoras ricas e nada produzido por artistas independentes?

Por que se faz apelo ao fim de uma “pregação” que não fez qualquer menção ao sangue, à cruz, ao arrependimento, ou sequer ao pecado?

Por que Deuteronômio 28:13 (“o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda”) é tão citado, ao passo que I Coríntios 4:11-13 (“somos considerados como o lixo do mundo”) ninguém gosta de citar?

Será que ninguém percebe que algo anda muito errado com o evangelicalismo brasileiro?


 

Por pulpitocristão

" VAMOS CONQUISTAR O MUNDO??????"


É preciso ressaltar que esse desejo não se restringe apenas ao movimento Neopentecostal, mas esta enraizado no meio evangélico, embora esteja muito mais evidente no segmento Neopentecostal.
Entretanto, fica claro que não cabe um pragmatismo raso nesta questão, já que é impossível tentar relacionar um movimento que dá mais ênfase a curas, dinheiro, soluções imediatistas, egocentrismo, hedonismo, materialismo, demônios e sacrifícios humanos com o cristianismo bíblico, e é isso que combato. Não é por acaso que recentemente varias denominações tradicionais passaram a considerar algumas Igrejas Neopentecostais como seitas.
Os que defendem esse modelo pragmático do Neopentecostalismo se assemelham àqueles que votam em políticos corruptos com base na falsa premissa: “Esse rouba, mas faz!”.
Explicado isso, vamos adiante! Neste texto, falarei sobre um assunto muito interessante: vamos conquistar o mundo!
A analogia da vez é com a série de desenhos “Pink e o Cérebro”.
Pink e o Cérebro
Quem não se lembra dessas duas figuras? Pink e o Cérebro são dois ratinhos brancos de laboratório que tramam os mais loucos planos para dominar o mundo, embora nunca exponha os motivos para tal empreitada esdrúxula.
Criada por Tom Ruegger e Steven Spielberg, a transmissão original se deu ao final da década de 90. A marca desta série é sem dúvida alguma a expressão presente no início e final de cada episódio:
Pink: - Cérebro, o que faremos amanhã à noite?
Cérebro: - A mesma coisa que fazemos todas as noites, Pink! Tentar conquistar o mundo!
Analisando essas figuras, temos mais um cenário Neopentecostal.
Pink, o rato mais alto, é magricelo, com dentes tortos e saltados e com atitudes infantis, de modo tão exagerado que beira o cúmulo da ignorância. É peça nas mãos de Cérebro, mas sempre comete besteiras agudas que estragam seus planos mirabolantes. As besteiras de Pink normalmente deixam Cérebro nervoso, mas ainda assim Pink o considera como um grande amigo.
Cérebro, o rato mais baixo, tem uma enorme cabeça, evidenciando sua grande massa cinzenta. Cobiçoso que é, vive tramando planos de conquista. Normalmente seus planos acabam por água abaixo, recheados com mancadas do Pink.
Mas e aí? Onde entram as esquisitices" mundiais, internacionais, apostólikas e patriarkais"?
Vou relacionar três delas:
a. Modelos de crescimento exponenciais: para muitos, falar a palavra discipulado é motivo de pânico. Quem quer que tenha participado desses movimentos (ou participa) deve ter ouvido algum líder berrando: “Eu vejo multidões atrás de você!”; “Deus te chamou para conquistar as nações!”; “Estamos no tempo da colheita, e essa é a visão!”; “Eu estou na visão!”; e por aí vai. Até 5 anos atrás, quem não tinha adotado algum movimento de crescimento estava por fora. Era só mais um cristão antigo, que não tinha captado a estratégia de conquista.
Vale o adendo: eu conheço pessoas que filtraram os ensinos desses movimentos e, ao trabalhar com grupos de edificação e crescimento espiritual tiveram resultados positivos. Mas estou aqui tratando das esquisitices destes movimentos que, sejamos francos, causaram muito mais feridas que qualquer outra coisa. Poucos são os que tiveram respeito suficiente pelas pessoas para que tais se tornassem verdadeiros cristãos. A maioria usou dos métodos como instrumento de domínio.
Assim como Cérebro, os líderes viviam forçando seus “Pinks” a “conquistar o mundo”. Forçando multiplicações celulares, impondo sua ideologia e, assim como Cérebro, sua cobiça sem fim, afinal, para tais homens, igreja cheia é sinal de sucesso (para eles, sucesso financeiro principalmente).
Eu fui “Pink” por muito tempo e falo com propriedade. Hoje, nenhum Cérebro me domina, a não ser Cristo, cabeça da igreja.
b. Atos Proféticos: conquista de cidades, estados e nações: é duro saber que ainda nos dias de hoje essa prática perdura. Muitos crentes ainda vivem debaixo de ensinos mágico-gospel liberando sua voz profética determinando um sem fim de vitórias. Como um abracadabra, querem “conquistar o mundo” na marra.
A cidade onde moro, viu nos últimos anos inúmeras entregas das “chaves da cidade para Jesus”. Foram tantas e tantas chaves passadas por políticos que, brincadeiras a parte, deu para montar um belo molho de chaves para Jesus. Nada mais que misticismo travestido de cristianismo.
Você deve ter visto em sua cidade tal cena também. Nessa ânsia de encher templos e bolsos, muitos desses “Cérebros” tem feito uso de um sem número de “Pinks” para poder “conquistar o mundo”. O problema dessa dominação acaba desdobrando-se em outros níveis da vida dos crentes, onde o líder é o guru exclusivo para assuntos aleatórios.
c. Sacerdócio: é fato, a maioria das pessoas que hoje entram numa igreja vêem em seu líder um ser místico e mágico-religioso, ou um pai, ou o melhor amigo, etc. Muitos acabam por se submeter a regimes paramilitares-eclesiásticos. Nesses regimes, o Cérebro é o referencial para tudo, e Pink fica a mercê de seus mandos e desmandos.
Tenho uma pessoa próxima que esteve por anos numa denominação pentecostal histórica. Hoje ela faz parte de uma denominação Neopentecostal da onda neoapostólica, e segundo ela está com todos os dias da semana “dedicados à obra”. Como ela mesmo me disse: “fora do trabalho, não me sobra tempo pra mais nada”. Me pergunto o que é isso?! A família, os relacionamentos, a própria vida com Deus é substituída pelo ministério, pelas funções, pelos cargos e afins.
O sacerdote Cérebro é inquestionável, ele é a voz de Deus e ai se Pink questionar seus mandos, é um rebelde! Cérebro manda: “Pink, devemos estar aqui, totalmente dedicados para conquistar esse mundo!”.
Vi um Cérebro desses no meu passado. O controle era tanto que até relatório financeiro era solicitado. Era preciso prestar contas do que era feito com o salário. Enfim, uma fanfarra gospel para que pudéssemos “conquistar o mundo”.
Voltemos ao Evangelho
Como não ser um Pink nas mãos de um Cérebro nesses dias tão fragmentados? Voltemos ao Evangelho.
A dedicação ao estudo da Palavra, o uso da racionalidade diante de cenários tão bizarros e o entendimento de que diante de Deus existe o sacerdócio universal dos santos, nos fará uma igreja mais próxima dos moldes gentílicos tão explícitos no Novo Testamento.
Amigo leitor, sugiro de imediato uma atitude para entendimento mais amplo do que é ser igreja: leia o Novo Testamento e faça um estudo mais enfático nas cartas do apóstolo Paulo. Peça ajuda ao professor da Escola Bíblica (sim, em alguns locais elas ainda existem!) de sua igreja para trabalhar com esse estudo. Compre um bom comentário bíblico e mãos à obra!
Estamos na Nova Aliança pelo Sangue de Cristo, espargido no Calvário, portanto, vivamos nela!
Toda honra e glória ao Senhor!
***

JESUS CRISTO É O EVANGELHO

 
Uma das principais barreiras para a evangelização não é o ambiente, muitas vezes árido para a comunicação da mensagem, mas o entendimento, por parte da própria Igreja, quanto ao Evangelho.

Devido a uma influência secularista, liberal e reducionista na missiologia das últimas décadas, houve uma humanização de conceitos que necessitam de revisão bíblica. Talvez o principal seja o próprio Evangelho. Não é incomum lermos que “o Evangelho está sendo atacado no Egito” ou que “o Evangelho está entrando nos lugares distantes da Amazônia”. O que se quer dizer é que a Igreja está sendo atacada e entrando na Amazônia, manifestando que, em nossos dias, passamos a crer que a Igreja é o Evangelho. Essa equivocada compreensão cristã que iguala o Evangelho à Igreja - a nós mesmos - é ampla e popular, mas tem suas raízes em distorções bíblicas e teológicas que podem nos levar a caminhos erráticos na vida e prática cristã.

Paulo escreve aos Romanos no capítulo 1 sobre o “Evangelho de Deus” (v.1) que Deus havia prometido “pelos seus profetas nas Sagradas Escrituras” (v.2), o qual, quanto ao conteúdo, é “acerca do Seu Filho” (v.3), que é “declarado Filho de Deus em poder... Jesus Cristo, nosso Senhor” (v.4). Portanto fica claro: Jesus é o Evangelho.

Assim, se nos envergonharmos do Evangelho, estamos nos envergonhando de Jesus. Se deixarmos de pregar o Evangelho, deixamos de pregar Jesus. Se não crermos no Evangelho, não cremos em Jesus. Se passarmos a questionar o Evangelho, seus efeitos perante outras culturas e sua relevância hoje, nós não estamos questionando uma doutrina, um movimento ou a Igreja, estamos questionando Jesus.

O que Paulo expressa nesse primeiro capítulo é que, apesar do pecado, do diabo, da carne e do mundo, não estamos perdidos no universo. Há um plano de redenção e Ele se chama Jesus. O poder de Deus se convergiu nEle e Ele está entre nós.
Quando compreendemos mal o Evangelho, e o igualamos à Igreja, corremos o risco de proclamarmos denominações, igrejas locais, logomarcas e pregadores, pensando que com isso estamos evangelizando. Não há verdadeira evangelização sem a apresentação de Jesus Cristo, Sua vida, morte, ressurreição e paixão por nos salvar.

Um dos textos que mais sintética e profundamente expõe o Evangelho foi escrito por Paulo quando afirmou: “Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. (Rm 1.16).

Em primeiro lugar, esta afirmação deixa bem claro que o Evangelho jamais será derrotado, pois o Evangelho é Cristo. Sofrerá oposição e seus pregadores serão perseguidos. Será questionado e deixarão de crer nEle. Porém, nunca será vencido, pois o Evangelho vivo, que é Cristo, é o poder de Deus.

Em segundo lugar, o Evangelho não é o plano da Igreja para a salvação do mundo, mas o plano de Deus para a salvação da Igreja. O que valida a Igreja é o Evangelho, não o contrário. Se a Igreja deixa de seguir o Evangelho, de seguir a Cristo, deixa de ser Igreja, ou Igreja de Cristo.

Em terceiro lugar, o Evangelho não deve ser apenas compreendido e vivido. Ele se manifestou entre nós para ser pregado pelo povo de Deus. Paulo usa essa expressão diversas vezes. Aos Romanos, ele diz que se esforça para pregar o Evangelho (Rm 15.20). Aos Coríntios, ele diz que não foi chamado para batizar, mas para pregar o Evangelho (1 Co 1.17). Diz também que pregar o Evangelho é sua obrigação (1 Co 9.16).

Devemos proclamar o Evangelho – lançar as sementes – a tempo e fora de tempo. Provérbios 11 nos encoraja a lançar todas as nossas sementes, “... pela manhã, e ainda à tarde não repouses a sua mão”.Essa expressão de intensidade e constância nos ensina que devemos trabalhar logo cedinho – quando animados e dispostos – e quando a noite se aproximar, o cansaço e as limitações chegarem, ainda assim não deixar de semear. Fala-nos sobre a perseverança na caminhada e no serviço. É preciso obedecer mesmo quando o sol se põe.

Jim Elliot, missionário entre os Auca do Equador na década de 50, afirmou que “ao chegar o dia da nossa morte, nada mais devemos ter a fazer, a não ser morrer”. Observemos nossa vida e lancemos a semente, cumprindo a missão.

Não importa mais o que façamos em nossas iniciativas missionárias, é preciso pregar o Evangelho. A pregação abundante do Evangelho, portanto, não é apenas o cumprimento de uma ordem ou uma estratégia missionária, mas o reconhecimento do poder de Deus.

Somos lembrados por Paulo a jamais nos envergonharmos do Evangelho que um dia no abraçou, pois não é uma ideia ou um movimento, mas uma Pessoa, o Evangelho é Jesus.



terça-feira, 8 de maio de 2012

OS ERROS DOS CLICHÊS CRISTÃOS PÓS-MODERNOS

Vivemos a era das frases curtas. De repente a nossa fé pulou no imaginário de uma enorme parcela da Igreja brasileira da Bíblia e dos livros para adesivos de automóvel, 140 caracteres do twitter, fotos com frasezinhas do Facebook, slideshows no YouTube, blogs com três ou quatro parágrafos. Preguiçosos que somos, passamos a ser governados por teologia fast food em vez de por leituras com introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao longo de algum tempo, fiz uma coletânea de clichês gospel que ouço pelos arraiais evangélicos (das igrejas organizadas aos desigrejados) para que possamos comentar cada um. Leia e veja se você já não ouviu essas frases serem repetidas montes de vezes – sem que aqueles que as falam tenham gasto cinco minutos refletindo sobre seu significado. Vamos analisá-los biblicamente e historicamente:
- “Eu declaro/decreto a bênção” – Bênçãos são benefícios vindos unilateralmente de Deus e por decisão soberana dEle. Ninguém pode declarar ou decretar uma bênção, pois está fazendo aquilo que só o Senhor pode fazer. Quem o faz toma o lugar de Deus e, portanto, pratica idolatria. Sem falar que essa afirmação, fruto da chamada “Confissão Positiva”, tem raízes em religiões demoníacas de Nova Era (saiba mais sobre isso no post Demonologia da Prosperidade).
- “Eu tomo posse da bênção” – “tomar posse” significa literalmente se apossar de algo que não é seu. Quem “toma posse” é um posseiro, ou seja, alguém que invadiu um local que não lhe pertence e impõe pela força e presença o domínio sobre o que é dos outros. Como vimos acima, bênção é um benefício outorgado por Deus, por sua soberania. Quem quer “tomar posse” de uma bênção está dizendo, em outras palavras, que vai arrancar do Senhor na marra aquilo que quer para si e que só receberia se fosse concedido pelo Todo-Poderoso. Logo, essa frase, (cunhada com base no Antigo Testamento, quando o povo de Israel entrou na Terra Prometida e teve de “tomar posse” dela na base da briga, visto que era habitada por outros povos) é uma afronta à vontade soberana de Deus, que concede bênçãos a cada um conforme lhe apraz e não porque as tomamos dele à força.
- “Tá amarrado” – parte do princípio de que podemos atar demônios com amarras espirituais. Não existe tal expressão na Bíblia e o que as Escrituras nos ensinam a fazer com os demônios é expulsá-los imediatamente quando se manifestam, e não amarrá-los. Não vemos nenhum exemplo bíblico de Jesus ou os apóstolos “amarrando” demônios. O padrão bíblico é: “Cala-te e sai”. Jesus não perdia tempo dialogando com demônios, apenas os mandava ficar quietos e então os expulsava. O único episódio de possessão em que Jesus vai além do “cala-te e sai” é o do gadareno. E, mesmo assim, a ordem de Cristo não é amarrar ninguém, mas sair na hora da pobre alma atormentada.
- “Temos que voltar ao modelo da Igreja primitiva” – se fizermos isso, estamos lascados. A Igreja primitiva, ao contrário do que existe no imaginário popular cristão, estava a anos-luz da perfeição. Em Atos lemos casos como os de Ananias e Safira, discordâncias com os judaizantes, brigas internas entre crentes como Paulo e Pedro, duplas missionárias sendo divididas por discordâncias. A esmagadora maioria das epístolas do NT foi escrita para consertar as montanhas de erros que os primeiros cristãos cometiam. Na Ceia do Senhor muitos iam só para matar a fome e os que levavam mais não dividiam com quem não tinha posses. Se lemos as sete cartas às igrejas de Apocalipse vemos como a maioria estava distante da vontade de Deus. Nos 313 anos em que houve perseguição do Império Romano aos cristãos, surgiu o fenômeno dos “lapsi”, aqueles que, ao contrário dos mártires, negavam Jesus perante as autoridades para salvar suas vidas – e não foram poucos os que fizeram isso. Nas catacumbas, que eram essencialmente cemitérios subterrâneos, os cristãos mais ricos tinham direito a sepulturas mais luxuosas que os pobres e, muitas vezes, ganhavam câmaras inteiras exclusvas para suas famílias. Havia muitos privilégios concedidos aos abastados na Igreja primitiva.
Além disso, a Igreja primitiva foi assolada por montes e montes de heresias que surgiram em seu seio, como gnosticismo, sabelianismo, modalismo, monofisismo, eutiquianismo, pelagianismo, marcionismo, ebionismo e outros “ismos” que denunciam como ela era dividida, como havia desacordos, divergências de visão e rachas. Tudo isso mostra que retomar o modelo da Igreja primitiva não é viver um Evangelho puro e simples, como muitos pensam, é voltar a uma época cheia de enormes poluições, divisões, pecados e problemas no seio do Corpo de Cristo. Igualzinho aos nossos dias.
- “Os primeiros cristãos se reuniam em lares e não em templos, por isso devemos voltar a esse modelo” – os primeiros cristãos, aqueles cheios de imperfeições que vimos acima, só se reuniam em lares por uma única razão: como por 313 anos o cristianismo foi considerada uma religião criminosa pelo Império Romano, qualquer um que se confessasse cristão tinha seus bens tomados, era preso, torturado e morto. Por isso, o culto a Jesus tinha de ser feito de modo escondido. O único lugar onde havia um mínimo de privacidade eram os lares dos cristãos, que podiam simular uma visita social e ali realizavam suas liturgias. Mas, com o Edito de Milão, no ano 313, decreto que liberou a religião cristã, imediatamente os que se ocultavam, ávidos por comungar com mais irmãos, começaram a erguer templos onde pudessem se ajuntar e reverenciar o Senhor coletivamente. Em pouco tempo, graças à liberdade religiosa, o culto em lares tinha sido extinto.
Para fazer um paralelo com nossos dias, é só ver o caso da China, por exemplo, onde não se pode cultuar Jesus publicamente e por isso lá existe a chamada “igreja subterrânea”, ou seja, os irmãos são obrigados a se reunir em pequenos grupos, nos porões de suas casas, para cultuar Jesus em oculto. Se você perguntar a um membro desses grupos em lares se eles preferem esse tipo de modelo ou se gostariam de ter templos onde se reunir em maior quantidade e celebrar a liturgia da adoração com muito mais irmãos (como eu já fiz, em entrevistas com membros da Igreja subterrânea chinesa para reportagens que escrevi), verá que TODOS eles dão preferência ao ajuntamento em santuários, onde poderiam comungar em maior número, num local dedicado e visível, que servisse de referência para os não cristãos em sofrimentos saberem que ali podem encontrar ajuda. Uma reunião num lar dificilmente será encontrada por quem está vivendo aflições que só Deus pode aliviar, o que não ocorre se você tem um templo bem visível.
- “Jesus não criou uma religião” – a palavra “religião” vem do latim “religare” e significa “ligar duas partes separadas”. Portanto, em sua essência, religião cristã é o contato entre Cristo e o homem, é o “religare” entre o Pai e o filho. Religião, assim, é relacionamento, é intimidade. Logo, quando ora você pratica religião. Quando lê a Bíblia você pratica religião. Etimologicamente, qualquer pessoa que se liga a Deus é um religioso sim senhor, pois pratica o “religare”. Portanto, ao ensinar a oração do Pai Nosso, Jesus nos estava ensinando a ser religiosos, no sentido de sabermos nos comunicar bem com o Pai. Quando ouvimos “pedis e nada recebeis pois pedis mal”, o que está sendo dito é “você está praticando mal a sua religião”. É claro que, como muitas palavras da língua portuguesa (como “manga”, que pode ser a fruta ou uma parte de uma blusa), o termo “religião” pode ter o significado de “prática organizada de uma fé”, basta ver no dicionário. É a “famigerada” instituição. Em geral é nessa acepção que a frase em questão é dita. Nesse sentido, quando Jesus diz a Pedro que sobre Ele (a Pedra) seria erguida Sua Igreja, o Mestre está estabecendo-se como o alicerce, o fundamento da fé que se seguiria pelos milênios a seguir. Só que Ele em nenhuma passagem da Bíblia especifica como o homem deveria manter o Corpo sobre esse fundamento. Isso é uma decisão que Jesus deixou a cargo do homem. Fato é que se Jesus nunca instituiu uma organização religiosa que o tivesse como alicerce, também nunca proibiu. Repare que o que Jesus critica, por exemplo, nos maus fariseus em momento algum é sua organização ou o fato de cultuarem Deus de modo institucional, sua crítica a eles era uma questão do indivíduo, do coração, e não da instituição: a hipocrisia, a falsa aparência de piedade, a religiosidade aparente sem um “religare” autêntico, sempre questões de foro pessoal e nunca institucional.
- “Jesus nunca construiu templos, por isso devemos nos reunir em lares” – se Jesus nunca construiu templos, também nuca construiu casas. Por esse argumento, se não devemos adorá-lo em templos institucionais também não poderíamos adorá-lo em lares. Dá na mesma. A resposta e a solução para essa pendenga de se podemos ou não cultuar Jesus em templos está em duas passagens bíblicas. Em João 4.19ss, lemos o diálogo entre o Mestre e a samaritana: “Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Eis a primeira resposta: seja no templo, num lar, no monte ou em Jerusalém, importa adorar em espírito e em verdade. Se é o que a pessoa faz, não se pode condenar o local só porque Jesus nunca construiu um edifício.
Temos que lembrar que os discípulos adoraram muitas vezes o Senhor na cadeia. E Jesus também nunca construiu uma cadeia. Outra passagem reveladora que contradiz essa frase incoerente está nas palavras de Jesus relatadas em Mateus 18.20: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Se houver dois ou três reunidos em nome de Jesus num templo de uma igreja institucional Ele ali não estará? Se houver dois ou três reunidos em nome de Jesus num templo do tipo que Jesus nunca ergueu Ele não se fará presente? A resposta é óbvia. Então o fato de Jesus nunca ter construído um templo, uma igreja ou uma catedral é absolutamente irrelevante, desde que haja ali dois ou três reunidos em Seu nome e o adorando em espírito e em verdade. Quem perde tempo combatendo isso e advogando furiosamente a reunião em lares só está perdendo tempo.
- “Não cai uma folha da árvore se Deus não deixar” – embora faça sentido biblicamente, visto que Deus é soberano e controla tudo o que ocorre no universo, sejam fatos bons ou tragédias, essa frase não está em nenhum lugar da Bíblia.
- “Sou cristão, não evangélico” – essa frase é fruto da vergonha de ser designado pela mesma nomenclatura de igrejas e pastores que têm enlameado o bom nome da Igreja evangélica. Então, para evitar ser associados por amigos e parentes a esses grupos, muitos têm optado por se dizer apenas “cristãos” e repudiam enfaticamente o nome “evangélico”. Mais do que deixar de ser evangélicos, se tornam antievangélicos. Isso é nonsense, pelo simples fato que não resolve nada. Os que enlameiam nosso nome também se dizem “cristãos”. Pela mesma lógica, deveríamos abandonar esse termo também? A resposta é óbvia. Etimologicamente, “evangélico” é o que segue o Evangelho de Jesus. Historicamente, “evangélico” é o que segue o Evangelho conforme resgatado pela Reforma Protestante. Logo, se você é cristão, professa o Evangelho de Cristo e coaduna com os cinco “solas” da Reforma… você é evangélico, queira ou não. É uma nomenclatura de 500 anos que define quem tem essas características. Renegar isso é dizer que você não é o que você é. Portanto, em vez de dizer “não sou o que sou, sou só cristão” por vergonha de ser associado a igrejas e pastores dos quais se envergonha, o ideal é deixar claro para os de fora que nós somos sim evangélicos, enquanto os que praticam atrocidades em nome da fé é que não são.
Se alguém faz piadinha pelo fato de você ser evangélico, em vez de mudar sua nomenclatura aproveite a oportunidade e explique para o piadista a razão de você portar esse honroso nome, fale que evangélico significa “aquele que segue o Evangelho de Cristo conforme resgatado pelos reformadores”, explique por que os falsos cristãos não são evangélicos e aproveite para explicar o que são as boas-novas da salvação do genuíno Evangelho de Cristo. Assim, ser humilhado por ser evangélico é uma excelente oportunidade não de mudar por vergonha o que te define, mas sim de explicar aos não cristãos o que é o Evangelho da salvação. De e-van-ge-li-zar. A escolha é sua.
- “Deus é amor e por isso não controla as tragédias nem desastres naturais, como os tsunamis” – essa heresia teológica vem sendo pregada por um pequeno grupo que segue a linha do Teísmo Aberto americano, uma linha de pensamento que no Brasil foi chamada por um pastor evangélico que não se diz evangélico de Teologia Relacional. Ele e mais um punhado de pastores e acadêmicos celebrados nas mídias sociais (além de um grupinho de pessoas que tentam pegar carona em suas celebridades para se promover) começaram a propagar essas ideias pelas redes sociais, dizendo que Deus abriu mão de sua soberania e não controla as tragédias que ocorrem no mundo. Segundo essa heresia, Deus só está preocupado em relacionamentos e o conceito de Jeová controlando as forças da natureza seria fruto da incorporação de valores da filosofia e da religião grega no Cristianismo. Esquecem que Deus abriu o Mar Vermelho e o Rio Jordão, que Jesus acalmou a tempestade, que o Sol “parou” e retrocedeu, que houve um terremoto no momento em que Jesus entregou o seu Espirito… para essa heresia tudo isso são metáforas, o que associa esse pensamento à diabólica Teologia Liberal de Bultmann e outros teólogos – segundo a qual a Bíblia não é literal e muitos de seus relatos são apenas fábulas. Ao propagar essa afirmação, os adeptos da Teologia Relacional destituem Deus daquilo que é indissociável de Sua essência: Seu poder absoluto sobre todas as coisas e Sua soberania sobre tudo o que ocorre no universo. É, portanto, uma afirmação antibíblica e anticristã.
- “Padussinhô” – cumprimento que originalmente tinha um significado muito bonito e bíblico: “A paz do Senhor”. O problema é que a expressão de popularizou de tal forma que as pessoas nem pensam mais no significado do termo. Passam umas pelas outras no corredor da igreja e soltam um “Padussinhô” sem nem se tocar do profundo significado da expressão. Da próxima vez que você for saudar alguém com essas palavras, concentre-se em seu belo significado: que você está desejando a aquele irmão a paz que excede todo o entendimento vinda do Príncipe da Paz, que saudava seus amigos desejando exatamente a mesma coisa. Lembra das palavras do Mestre ao chegar, ressurreto, entre os discípulos, por exemplo, em Lucas 24? “Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco!”. Não deixemos uma saudação tão significativa perder seu sentido: ao a falarmos, que de fato estejamos desejando paz a aquela pessoa. Só um porém: você já parou para pensar o que exatamente significa “paz”? Significa “Quietação de ânimo, sossego, tranquilidade, ausência de dissensões, boa harmonia, concórdia, reconciliação”. Vale a pena investir um tempo meditando sobre cada um desses valores que dedicamos aos irmãos.
- “Temos que contextualizar o Evangelho à cultura de cada época e sociedade” – a afirmação em si é correta, isso é exatamente o que temos de fazer. Não adianta pregarmos o Evangelho no século 21 de túnica e sandália de couro. O problema é que alguns setores da Igreja têm levado essa ideia correta além no limite de segurança. Têm conduzido esse conceito ad absurdum. Com isso, tentam com tanta força e ímpeto falar a linguagem de nossos tempos para atrair o mundo que acabam muitas vezes sendo mais mundo que Igreja. É o que ocorre, principalmente, entre a chamada Igreja emergente: os próprios pastores acabam cometendo excessos e absurdos como pregar falando palavrões de púlpito e recomendar a ida a seus membros a shows de artistas com letras anticristãs e estéticas agressivas, como Ozzy Osbourne e Titãs (grupo que tem canções altamente antibíblicas, como “Igreja”, “Homem Primata” e “Epitáfio”). É preciso muita cautela. Pois nunca podemos esquecer que o Evangelho é, sempre foi e sempre será escândalo para os que não creem e que é contracultura. Isso em qualquer época e em qualquer cultura.
- “Fala, Deus” – geralmente é dito quando um pregador diz algo que o irmão ou a irmã acham que deveria ser ouvido por alguém da igreja ou por toda a congregação. É uma espécie de “toma, desgraçado, que Deus tá dizendo aquilo que eu penso que você deveria ouvir”. Na maioria das vezes não é dito com amor no coração e, por isso, é algo reprovável. A não ser que a exortação seja para si mesmo. Aí… fala, Deus!
- “Eis que eu te digo…” – nos arraiais pentecostais significa que está começando uma profecia da parte de Deus. Nada contra. Sou pentecostal e creio na atualidade dos dons. O problema é que ser “profeta” dá status entre os irmãos, como se a pessoa que profetiza fosse merecedora de um amor especial da parte de Deus. Por isso, não são poucas as pessoas que simulam profecias e, com isso, cometem o gravíssimo pecado de pôr nos lábios do Senhor o que Ele não falou. Sem falar do estrago causado junto à pessoa a quem a falsa profecia foi dirigida, que vai acreditar que Deus lhe deu algum direcionamento que na verdade não deu. Assim, antes de dizer “eis que eu te digo”… trema!
- “Em nome de Jesus” – a expressão é bíblica e o Mestre nos autorizou a usá-la. A questão é que muitos a estão usando com significados que não deveriam ter, como se fosse um “abracadabra”. Como disse Walter McAlister no livro “O Fim de uma Era”, tem sido usada com o sentido de “tem que dar certo”. “Eu vou conseguir esse emprego em nome de Jesus”. “Você vai namorar fulano, em nome de Jesus”. “O liquidificador vai funcionar agora, em nome de Jesus”. Na verdade, qual é o significado bíblico dessa expressão? Quando alguém permite que outra pessoa faça algo em seu nome, está lhe concedendo a autoridade pessoal que detém. Por exemplo, se um soldado raso chega a um capitão e lhe diz para preparar um automóvel o capitão não lhe obedecerá, pois o soldado não tem autoridade de solicitar isso a um superior. Mas se um general diz a um soldado raso: “Vá até o capitão em meu nome e lhe diga para preparar um automóvel”, aquele soldado acabou de receber a autoridade que o general tem sobre o capitão para aquela tarefa especifica. Então ele pode chegar ao capitão e dizer: “Estou vindo em nome do general solicitar que prepare o carro” e o capitão obedecerá o soldado porque o pedido é segundo a autoridade do general. Em nome dele. Com Jesus é igual. Os homens não têm autoridade de expulsar demônios. Mas quando você expulsa “em nome de Jesus”, é a autoridade que nos foi concedida por Deus que está realizando aquele feito. Do mesmo modo, ser humano algum tem poder em si para curar uma doença sem ser por meios médicos. Mas se você ora “em nome de Jesus” pela cura, é a capacidade milagrosa de curar que Jesus tem e que nos foi concedida que está atuando. Ou seja, a forma correta de usarmos essa expressão é somente quando podemos substitui-la por “segundo a autoridade de Jesus concedida a mim para este fim”.
- “Jesus não criou hierarquias nem liturgias” – errado. Basta você ver que no céu existem anjos e arcanjos. O prefixo “arc” significa “o principal”, “o primeiro”, “o de maior autoridade”. Por isso, arcebispo é o principal dos bispos. Do mesmo modo, fica claro que no reino celestial o arcanjo tem um papel hierarquicamente superior a um anjo. Esse princípio do mundo espiritual também é aplicado na terra. A Bíblia manda respeitarmos as autoridades e diz que nenhuma autoridade há que não tenha sido constituída por Deus. Também manda servos obedecerem seus senhores. Afirma à mulher que deve ser submissa ao marido. Ou seja, em todas as instâncias da vida humana – seja política, profissional ou familiar – as Escrituras deixam claro que há uma hierarquia. Seria de se estranhar muito que justamente na vida espiritual isso não ocorresse. A Bíblia deixa claro que havia na Igreja do primeiro século pessoas com cargos de supervisão (o “bispo”, conforme mencionado nas epístolas a Tito e Timóteo. Os apóstolos tinham um papel de liderança, basta ver no episódio de Ananias e Safira e basta reparar como Paulo dá determinações às igrejas em suas epístolas. E aqui cabe uma observação: hierarquia não quer dizer que alguém é melhor do que outro ou mais especial. Simplesmente que desempenha uma função com maior poder de decisão. É como o capitão de um time de futebol: ele é igual aos demais, mas dentro de campo é quem dá as decisões. E, acima dele, está o técnico, que tem, inclusive, o poder de decidir substituir o capitão.
Já a liturgia fica clara quando Jesus institui a Ceia. É um cerimonial litúrgico por natureza: tem ordem, as etapas seguem uma ordem, há um modo de proceder, há a repetição da forma de fazer a cada vez que se celebra. A História conta que os encontros da Igreja no primeiro século seguiam uma liturgia não muito diferente dos cultos de hoje, com louvores cantados, a leitura das cartas ou textos considerados canônicos e uma exposição do Evangelho por quem liderava o encontro. Logo, hierarquia e liturgia não foram, como alguns equivocadamente afirmam, instituídos pelo imperador Constantino ao oficializar a fé cristã como religião oficial do Estado: são bem anteriores – no mínimo 200 anos anteriores.
- “Posso ser cristão em casa, sozinho, sem congregar” – esse é um erro vindo do desconhecimento sobre a essência de nossa fé. O Evangelho é, por essência, um estilo de vida coletivo. 1 Coríntios 12 deixa claro que somos um corpo. Um membro decepado de um corpo é uma anomalia grotesca. Jesus nunca propôs o isolamento como padrão e, mesmo quando se retirava para orar sozinho, levava consigo alguns de seus apóstolos. Portanto um cristão que não congrega está desobedecendo o padrão divino.
- “Não existe pecadinho ou pecadão” – existe sim. A partir do momento em que existe um pecado (a blasfêmia contra o Espirito Santo) que não tem perdão e que a Bíblia diz que há pecados que são para a morte e outros que não são (independente da interpretação que se dê a isso, há muitas: “Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte” – 1 Jo 5.16,17.), automaticamente fica claro que há gradações. Só haver um pecado imperdoável já é prova disso. No sentido de que qualquer pecado é desobediência a Deus… naturalmente todo pecado é equivalente, mas isso não desmerece que em suas consequências há sim níveis. A Bíblia é clara quanto a isso.
- “Manto!” – essa só pentecostal entende. Se bem que eu sou pentecostal e até hoje não entendi isso.
Por enquanto é isso. Se você se lembrar de mais algum clichê dos nossos dias usado nas igrejas, entre desigrejados, entre tradicionais ou pentecostais…não importa, entre cristãos em geral, basta acrescentar nos comentários. Só peço uma coisa: explique por que aquela palavra, expressão ou frase está biblicamente incorreta. Apenas mencioná-la não vai acrescentar. Se for o caso, faremos uma apreciação em cima do seu comentário.
Quem sabe assim, parando para pensar sobre o que falamos sem pensar… paremos um pouco para pensar sobre o que falamos! E, talvez, seja o caso de eliminarmos certas frases feitas do nosso meio que parecem corretas mas na verdade só servem para confundir. Ou não servem para nada mesmo. Tão ligados na fiação, varão e varoa dos mantos de fogo?
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Maurício Zágari é jornalista, escritor e editor do blog Apenas. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

VOZ DA VERDADE: Unicismo e Escândalos

O unicismo é hoje uma das doutrinas que mais causa transtornos aos evangélicos brasileiros. Dentre os assim chamados "sabelianistas" (defensores ou seguidores da doutrina de Sabélio), a Igreja "Evangélica" A Voz da Verdade é uma das que mais se destaca em nosso país; são exclusivistas e não medem palavras ao nos chamar de “desviados”. Embora não possa ser comparada a Igreja Tabernáculo da Fé – que também professa o unicismo – a IEVV é, sim, uma seita.

Origem

A IEVV foi fundada por Feud Moisés, após uma revelação que o tornaria conhecido como o “homem que encontrou Jesus no cinema”. Filho de libaneses, converteu-se em 1953. Teve um chamado “especial”, Jesus apareceu-lhe na tela de um cinema e disse que o faria pescador de almas. Transformado e arrependido começou a anunciar que existe somente um Deus e seu nome é Jesus. Dezenove anos depois, em 1973, Feud Moisés daria inicio ao conjunto Voz da Verdade, na antiga Igreja Pentecostal Unida do Brasil, da vila Paraíso, Santo André (SP). Depois de alguns conflitos surgidos entre o conjunto e a Igreja local, envolvendo questões de usos e costumes, se desligam, para fundar, na rua Casa Branca, 168, no bairro do mesmo nome, a Igreja Evangélica Voz da Verdade. Ali permaneceu, até se mudar para o seu atual endereço, no antigo cinema Tangara II, no Studio Center, no centro de Santo André. [1]

Como parte de seu programa anual, realizam periodicamente acampamentos em que são ministrados estudos e outras atividades da Igreja, sempre regadas ao som do conjunto A Voz da Verdade.

Declaração doutrinária

O Estatuto da Igreja Evangélica A Voz da Verdade (IEVV) assim declara:

Quando a Bíblia se refere a Deus, esta falando no Espírito Santo que é o Pai, criador e sustentador de tudo;Jesus tanto é o Pai, como é o Filho;Antes da manifestação de Jesus como homem, não havia Filho de Deus (somente os anjos eram tidos como filhos de Deus);Jesus pode ser Pai e também Filho? É muito lógico que sim, pois Ele é Deus. [2]

Escândalos

Para refrescar um pouco a memória dos que acreditam que o conjunto tem algum compromisso com as igrejas evangélicas, vejamos a seguinte linha cronológica de escândalos envolvendo A Voz da Verdade.

a. No dia 11 de maio de 1993, o CLC (Centro de Literatura Cristã) enviou uma carta para o Ministério Voz da Verdade suspendendo a distribuição do seu material, até que o referido explicasse a possível evidência de louvores a deuses estranhos. A resposta foi dada pelo pastor da Voz da Verdade cinco dias depois dizendo que não precisava do CLC e que seria um favor o CLC não adquirir seu material: "Não precisamos do Centro de Literatura Cristã; vocês e nada são a mesma coisa!". [3]

b. Inconformado com as verdades reveladas na lição 5 da revista da Escola Dominical, intitulada "Seitas Modalistas", do segundo trimestre de 1997, em que o pesquisador Esequias Soares da Silva menciona o conjunto Voz da Verdade com sua igreja na lista das seitas unicistas, o pastor Feud Moisés telefonou para o pastor Esequias ameaçando levar o caso aos tribunais. Após isso, o conjunto resolveu produzir um CD, distribuído gratuitamente para os crentes, com três estudos bíblicos defendendo o unicismo. [4]

c. Um certo jornal de Bauru, edição de julho de 1999, pág. 10 publicou a seguinte manchete: “Voz da Verdade diz que não é seita”. Tratava-se da apresentação do conjunto por ocasião do lançamento do seu CD – “Quando Deus se cala”. Estiveram presentes, segundo o jornal, cerca de 1500 pessoas, que pagaram de R$ 8,00 a R$ 10,00 pelo ingresso. O gasto total foi de R$ 12.000,00 e só o Voz da Verdade cobrou R$ 4,5 mil livre. Na entrevista concedida por um dos integrantes da banda, afirmou ele: “Atualmente o grupo Voz da Verdade tem sido perseguido por um fantasma: o boato de serem uma seita que prega heresias. Comentários, no mínimo, maldosos sendo que até agora ninguém provou que isso seria verdade. [5]

d. Nenhum outro escândalo teve maior repercussão do que o ocorrido em maio de 2001. Por ocasião do Fest-Gospel 2001, o pastor Carlos A. Moisés desafiou os pastores presentes a provarem que Deus tem sócio. Argumentou que quem acredita na doutrina da Trindade acredita nos ensinos pregados pelo Papa. Questionados pelo CACP via e-mail, o Pr. Carlos A. Moisés enviou a seguinte resposta:

"Primeiramente, eu gostaria de lhe informar que quem vos escreve é o mesmo que estava gritando no palco em São José do Rio Preto. Em segundo lugar, não estou nem um pouco preocupado... você e nada pra mim é igual a NADA. Alguém, como você, que nega o nome de JESUS não é merecedor de minha apreciação. Se a tua igreja não cantar, MILHÕES de igrejas cantarão por todo o Brasil, por isso você não faz DIFERENÇA. O dia que você conseguir fazer com que as igrejas de todo o país parem de cantar nossos hinos, aí você será um vencedor”.


Concordo com o professor Esequias quando diz que a doutrina da Trindade é uma questão de vida ou morte. Infelizmente poucos líderes parecem levar isso a sério, abrindo suas portas e permitindo que o conjunto faça de suas ovelhas consumidores de suas músicas e CDs, além de embutir em sua mente a crença em um deus que se manifesta ao homem através de máscaras ou manifestações.


Referências Bibliográficas

1. MOISES, R.C. Revelação do Amor, A Voz da Verdade, pág. 6.
2. A Igreja Evangélica a Voz da Verdade e o Unicismo, Defesa da Fé, ano 3, número 20, março de 2000, pág. 54.
3. Manual de Apologética Cristã, Esequias Soares da Silva, CPAD, pág. 334
4. Ibidem, pág. 333
5. Igreja Evangélica A Voz da Verdade. Será? Natanael Rinald, revista Defesa da Fé, março de 2000, pág. 52

Valdemiro Santiago prega a heresia ariana

 

 


De vez em quando falo aqui de alguns televangelistas modernos e chovem comentários me criticando com aquela balela do “não toque no ungido”. Alguns até chamam muitos desses televisivos vendedores de bênçãos de irmãos. Pois bem, o Valdemiro Santiago está no auge, a turma tem ido aos montes para a empresa dele atrás do milagre, lá tem até a “Terça-feira do Milagre Urgente”. Mas, será que o que lá acontece é milagre mesmo? Se as curas pregadas ali são verdadeiras qual é a fonte? Você pode dizer: “e como eu vou saber pastor?” Bem, tem um teste. Leia com muita atenção o texto abaixo.


Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma. Após o SENHOR vosso Deus andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis. E aquele profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o SENHOR vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos resgatou da casa da servidão, para te apartar do caminho que te ordenou o SENHOR teu Deus, para andares nele: assim tirarás o mal do meio de ti (Deuteronômio 13.1-5).


Você entendeu o texto? Deus diz que mesmo se o homem profetizar,  fizer sinais e prodígios, as coisas acontecerem direitinho, mas se a SUA DOUTRINA não for de acordo com a Palavra de Deus, ele é um falso profeta. E pode até ser que esse falso profeta seja levantado por Deus para ver se as pessoas realmente estão ligadas as Escrituras, conhecem doutrina, Teologia, ou não conhecem nada e vão atrás de qualquer um. Agora leia o que Valdemiro Santiago escreveu (em um texto muito ruim diga-se de passagem) no site de sua empresa:


“Muita gente pela tradição da religião, não entende a historia de Jesus. Alguns falam de natal, mas ninguém sabe o dia exato em que Jesus Cristo nasceu. Segundo que Jesus já existia muito antes de tudo. Ele é a imagem do Deus invisível, a encarnação do verbo. Mas ele não é sempiterno, é eterno. O pai que é Deus é sempiterno, aquele que antes dele nunca existiu como ele, nem existirá depois dele, sempre existiu e sempre existirá. A primeira obra dele foi Jesus Cristo”, (Veja aqui no site dele).



Você sabe que ensinamento é esse que Valdemiro está transmitindo? Eu refresco sua memória: é Arianismo. E o que é arianismo? É uma heresia que foi condenada no Concilio de Nicéia em 325 d.C,. Nessa heresia um homem chamado Ário ensinou que Deus Pai era maior do que Cristo, e que Jesus foi na realidade a primeira criação de Deus. Assim , Jesus não era Deus com o Pai, mas era uma criação dEle, assim como os anjos. Pois é amigos, é isso que esse homem chamado de pastor por muitos, e pela maioria de apóstolo está ensinando. Uma heresia antiga revisitada. Agora a pergunta, os milagres que ele diz que faz lá na empresa dele são legítimos? Vem de Deus ou de outra fonte? Se você entendeu o texto de Deuteronômio acima você também sabe a resposta. Caros amigos, observem o que escreveu o apóstolo verdadeiro chamado João:

“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo (1 João 4:1)”.

Cuidado, muito cuidado com que você chama de pastor, e a quem você dá crédito e audiência. São casos como esse que nos mostram como os que se dizem crentes em diversas igrejas neo-pentecostais estão sendo mal ensinados, e até ensinados a acreditar em heresias pelos seus lideres. Urge conhecer a Escritura, urge.