segunda-feira, 11 de julho de 2011

BUDISMO, UMA COSMOVISÃO SEM ESPERANÇA

por João R. Weronka

O budismo é uma religião de abrangência e importância mundial. Está presente em todos continentes, com evidente predominância na Ásia, a ponto de ser designado como a “Luz da Ásia”. Já foi a religião oficial da Índia – pátria mãe do budismo – durante o século III a.C., onde praticamente desapareceu.

É importante destacar que embora o budismo possua profunda característica religiosa nos dias atuais, é um movimento “sem deus ou deuses”, o que faz muitos budistas afirmarem que se trata apenas de uma filosofia de vida ou então um simples caminho de crescimento espiritual, através dos ensinos deixados por Buda.

Sidharta Gautama – ou Gautama Buda – o fundador do budismo, não acreditava em deuses, o que fez da literatura monástica budista um movimento onde o conceito de divindade seja insignificante ou até mesmo nulo.

Interessante é notar que com o tempo o próprio Gautama foi endeusado por seus seguidores, a ponto de ser visto, sejam em templos ou nas casas de seus seguidores, estátuas que simbolizam Buda, sejam estas minúsculas ou colossais que remetem os budistas à idolatria e adoração ao fundador deste sistema de crença/filosofia.

SIDHARTA GAUTAMA

A origem do budismo está totalmente ligada à vida de Sidharta Gautama. Este homem nasceu em torno de 563 a.C. vivendo até 483 a.C.. Ele nasceu na região noroeste da Índia, nas planícies de Lumbini, que hoje pertence ao Nepal, ao sul deste país.

As histórias a respeito do budismo – segundo a tradição – apontam Gautama como um príncipe que teve a vida severamente protegida por seu pai, chamado Sudodana, um importante governante/nobre.

Aos 16 anos Gautama já era dono de três palácios, o que evidencia sua vida aristocrática. Aos 19 anos casou-se.

A GRANDE RENÚNCIA

Com aproximadamente 29 anos de idade, Gautama decide conhecer o mundo que se encontrava além das muralhas que o cercava. Ele pode contemplar quatro cenas até então desconhecidas: ele se deparou com um ancião, em seguida com um doente, um defunto e um asceta, cada um em determinado momento. Tais encontros o levaram a um profundo período de reflexões sobre o real sentido da vida, até que decidiu abandonar sua vida de conforto e luxo, bem como sua família, para então integrar um grupo de monges.

Vale lembrar que a expressão Buda não corresponde a um nome próprio, mas a um título aplicado a Gautama. Buda significa Iluminado, Sábio, O Bem Aventurado.

Este título foi aplicado a Gautama devido a sua insatisfação com a vida material que o levou a abandonar todo mundo que o rodeava, fato este conhecido por “A Grande Renúncia”.

Ao abandonar tudo, Gautama se tornou um asceta errante à procura de iluminação. Conta a tradição budista que após 6 ou 7 anos de peregrinações, Gautama encontrou o chamado “Verdadeiro Caminho” após profunda meditação abaixo de uma figueira designada por árvore bodhi (Árvore da Sabedoria) onde Gautama Buda atingiu o Nirvana e a partir deste instante desenvolveu todo corpo doutrinário do budismo. Não vamos nos ater aos ensinos budistas propriamente ditos neste momento, mas sim ao aspecto histórico.

EXPANSÃO

Após a morte de Gautama, o budismo avançou pela Índia e enviou missionários para diversos países asiáticos. É justamente no continente asiático que o budismo concentra o maior número de praticantes.

No ocidente consta o registro da construção do primeiro templo budista nos Estados Unidos, no ano de 1898 na cidade de São Francisco. Em 1906 é fundada na Inglaterra a Sociedade Budista da Inglaterra. Na França, no ano de 1929 foi fundada a Sociedade dos Amigos dos Budistas. No Brasil o budismo chegou na década de 20.

O NIRVANA

Sidharta Gautama atingiu o Nirvana após profunda meditação. Este estado onde Gautama adentrou o levou a profunda compreensão da realidade, que é mais que transitória, ou seja, é uma realidade absoluta além do tempo e espaço. Neste estado, Gautama pode dominar seu desejo de viver, e isso não mais o prenderia à matéria. O benefício que Gautama descobriu foi que não haveria mais necessidades de retornar ao corpo material em novas encarnações: o ciclo de reencarnações estaria encerrado.

Gautama descobriu que o caminho ficou aberto para que ele pudesse abandonar o mundo e atingir o Nirvana Final. O Nirvana Final é como um eterno apagar de luzes. No seu entendimento, a alma não é eterna. Sendo assim, a alma, após sofrer inúmeras reencarnações se tornaria como o fogo de uma lamparina, que se passa de uma para outra, até finalmente extinguir-se. O Nirvana Final não é um estado de gozo e alegria eterna, mas sim um triste fim de inúmeros ciclos de vida que não levaram a lugar algum. É simplesmente, no entendimento budista, o fim da reencarnação.

ENSINOS: BASE DOUTRINÁRIA

Após a iluminação, Gautama (a partir de agora “Buda”) fez seu primeiro sermão, conhecido como Sermão de Benares, pois foi feito na localidade de Benares, atual Varanasi, cidade ao norte da Índia. Este sermão é conhecido como As 4 nobres verdades.

As 4 nobres verdades sobre o sofrimento:

1) A verdade santa sobre o sofrimento:

Tudo no mundo é sofrimento. Nascer, envelhecer, morrer, estar unido às coisas que não trazem satisfação, separar de coisas agradáveis, não conseguir aquilo que queremos. Tudo isso corresponde a sofrimento intenso. Para o Budismo, como tudo é passageiro, a vida é marcada pelo sofrimento.

2) A causa do sofrimento:

Buda afirma que todo sofrimento humano tem como causa comum o desejo. Como o desejo pelas coisas acarreta obstinação, o homem nunca conseguirá saciar por completo seus desejos, e isso produz sofrimento.

3) A suspensão; a cura do sofrimento:

Para encerrar o sofrimento, os desejos devem ser dominados. Após dominar o desejo, o estopim do Nirvana é aceso. O homem precisa enfrentar sua ignorância para se libertar dos desejos. A ignorância produz desejo, o desejo produz atividade, a atividade traz renascimento e este produz mais ignorância. Vencer a ignorância rompe o círculo vicioso.

4) O caminho para cura do sofrimento:

Para Buda, a cura para o sofrimento e libertação dos ciclos de renascimento é possível ao seguir-se o Caminho das Oito Vias, ou Nobre Caminho Óctuplo, este pode ser resumido assim:

Nobre Caminho Óctuplo

1. Crença justa ou livre de superstição e de engano;

2. Resolução justa, não causando dano a nenhum ser vivo;

3. Palavra justa, bondosa, franca e verdadeira;

4. Ato justo, honesto, pacífico e puro;

5. Visão justa, elevada e digna de um homem inteligente e sincero;

6. Esforço justo, para desenvolvimento e domínio próprio;

7. Pensamento justo, ativo e vigilante;

8. Meditação justa, profunda sobre a realidade da vida.

ADEPTOS NO MUNDO

O budismo é uma religião de abrangência mundial, com predominância em países asiáticos como China, Mongólia, Mianmar, Tailândia, Camboja, Nepal e Japão.

Estima-se que cerca de 5,9% da população mundial (algo em torno de 380 milhões de pessoas) confessem o credo Budista. No Brasil existe a estimativa de que 0,15% da população (cerca de 280 mil pessoas) sejam budistas.

ESCOLAS BUDISTAS

O budismo possui divisões que são chamadas de “Escolas”, conforme a doutrina seguida. Originalmente o budismo era formado por cerca de 18 escolas. Com o passar dos anos muitas destas escolas deixaram de existir ou foram absorvidas pelos movimentos hoje existentes. Os demais grupos ou partidos que confessam variações do budismo são frutos destas correntes principais, a Maaiana e Teravada.

BUDISMO MAAIANA (OU MAHAYANA)

A Escola Maaiana teve origem em 185 a.C., sendo designada como “Escola Maior”, “Veículo Maior” ou “Caminho de Muitos”. Em contraste com a Teravada (Escola mais tradicional), a Maaiana é um segmento budista mais liberal. Sua presença é marcante nos países do norte asiático, como Coréia, Japão, China, Tibet, Nepal, Indonésia e Vietnã.

Para os Maaianas, Buda é considerado um ser divino, pois acreditam que ele optou em abdicar do Nirvana Final para ficar por mais tempo na Terra ensinando os sofredores. Para esta Escola, o amor e compaixão são considerados fundamentais, sendo assim, para os Maaianas, aquelas pessoas que buscam a iluminação (no campo pessoal/individual), são considerados seres egoístas.

Esta Escola possui características particulares que a levou a posição de destaque em relação à Teravada. Isso se dá por sua capacidade de adaptação cultural, às questões do cotidiano, à compaixão e amor e ao sincretismo religioso. A Maaiana é contrária e rejeita o asceticismo extremo dos Teravadas, crendo que toda e qualquer pessoa, mesmo sendo leiga, possa alcançar a iluminação.

ESCOLA TERAVADA (OU THERAVADA / HINAYANA)

A palavra Hinayana significa “Pequeno Veículo”, em contraste com a Escola vista anteriormente. É a segunda grande divisão do budismo, prevalecendo ao sul asiático, em países como Sri Lanka, Mianmar, Tailândia, Laos e Camboja. É considerado o lado mais conservador do budismo, cuja expansão significativa ocorreu em torno do século III a.C.

Diferente dos Maaianas, os Teravadas crêem que leigos não podem atingir a iluminação, sendo assim, apenas os monges podem alcançar este objetivo final. A dádiva maior para um leigo é poder reencarnar como um monge numa futura existência.

O asceticismo é marca desta corrente. No entanto vale a ressalva que ambas as Escolas prestam grande reverência a pessoa de Buda (Sidharta Gautama).

DEMAIS GRUPOS BUDISTAS

O budismo possui outras facções que surgiram ao longo da história, como por exemplo, o budismo Nichiren-Shoshu, Soka Gakkai e o Zen-Budismo.

ZEN-BUDISMO

É muito comum nos dias de hoje ouvirmos a expressão “Zen”. Quando uma pessoa está ou é quieta e pensativa, logo surge alguém para rotulá-la como alguém Zen. De onde vem tal costume?

Os grande pioneiros do Zen-Budismo no Japão foram Eisai, que fundou a seita Rinzai em torno de 1191 e Dogen, que fundou a seita Soto em 1227.

O vocábulo Zen significa algo como “meditação”. O Zen-Budismo tem sido propagado de forma crescente no ocidente, desde sua chegada entre o entre os séculos XIX e XX através de D.T. Suzuki.

O Zen é uma mistura eclética de várias correntes. Possui, por exemplo, a característica Maaiana de que todas as pessoas podem ser iluminadas. Possuí também traços do panteísmo, crendo que o cosmos é “um no todo”. A ioga é prática comum para os zen-budistas.

Não existe concepção do divino para o Zen. Os praticantes devem se submeter a intenso esforço próprio, meditação e muito treinamento em direção à iluminação.

Assim como tem acontecido com os fenômenos espiritualistas do Movimento Nova Era, o ingresso de tantas pessoas nas Escolas Budistas se dá pela combinação de frustração com o materialismo e o fascínio pela espiritualidade oriental.

PARALELOS E PERPENDICULARES

Algumas escolas e faculdades teológicas trazem em sua grade curricular uma disciplina chamada “Religiões Comparadas”. Faremos exatamente isso aqui: comparar aquilo que cremos e praticamos em matéria de fé (cristianismo) com o budismo. Focamos até o momento os estudos no aspecto histórico do budismo. Agora faremos a comparação com o Cristianismo.

TENTATIVAS DE TRAÇAR PARALELO

É um fato que os ecumênicos de plantão sempre farão esforço para traçar paralelo forçado entre as religiões e crenças. Por mais que os propósitos e crenças sejam totalmente incompatíveis, haverá sempre alguém disposto a gritar com toda força que todos os caminhos levam a Deus, ou que todas as religiões são boas, ou que somos todos filhos do mesmo Pai. Os que tentam fazer paralelo entre cristianismo e budismo, normalmente trabalham no seguinte eixo, comparando Jesus Cristo com Buda:

a) os discursos: ambos se levantaram na sociedade de sua época e seu povo, em dado momento, para trazer seus ensinos iluminados, formando assim discípulos e tornando-se grandes mestres e exemplos para posteridade;

b) ensinos espirituais: ambos buscam levar o homem ao desprendimento material e a voltar-se para o lado espiritual. A busca desenfreada pelos prazeres materiais leva a frustração;

c) o amor: dentro do cristianismo o amor é fundamental. O ensinamento de Jesus (segundo grande mandamento) é que os seus devem amar o próximo como a si mesmo; amar os inimigos é um ensino moral do Cristianismo. Para os budistas, principalmente da Escola Maaiana, o amor e compaixão são dois alvos, duas virtudes, dois objetivos a se alcançar. O budista que vive uma vida regrada nos ensinos de Buda procura uma vida correta e amorosa.

A REALIDADE PERPENDICULAR

Apesar das grandes tentativas de harmonizar Jesus com Buda, a mistura não é possível. É água e óleo.

Embora os princípios de boa moral, vida regrada, amor ao próximo e misericórdia estarem presentes no budismo e no cristianismo, cada caminho é um caminho, cada qual ensina pontos fundamentais distintos e não é possível transitar em duas estradas ao mesmo tempo. A fé cristã é completamente divergente do que se apregoa no budismo.

É preciso traçar um comparativo doutrinário para, de forma resumida e eficaz, verificar se a base doutrinária cristã – Deus, Jesus Cristo, Espírito Santo, Bíblia e Salvação – é a mesma base doutrinária do budismo. Vejamos se há compatibilidade (para informação adicional, leia os ensaios “O exclusivismo cristão”, “Pluralismo Religioso”):

BUDISMO

Deus - "No Budismo existem dois entendimentos sobre Deus; ou Ele é ignorado, pois não pode interferir na vida das pessoas; ou Deus é tudo e tudo é Deus (panteísmo). Apesar de não glorificarem a Deus, Buda foi “endeusado” por seus seguidores".

Jesus - "Jesus foi um grande mestre, professor puro da mais alta moral, uma reencarnação de um buda. Alguns crêem que Ele peregrinou até o Tibet e Índia."

Espirito Santo - "Não possui nada formulado ou entendido sobre o Espírito Santo."

Bíblia - "Despreza a Bíblia como Palavra de Deus; seus ensinos estão estruturados num conjunto de três obras literárias chamadas de Triptaka."

Salvação - "Não existe vida eterna com Deus; não há alegria ou gozo eterno, apenas o encerrar das reencarnações e o “apagar de luzes” do Nirvana Final."

CRISTIANISMO

Deus - "Deus é soberano, é o Todo-poderoso, Pai bondoso. É o único Deus e Se revela e Se relaciona com os que O buscam – Gn 1.1; Êx 3.14; Sl 47.2,7,8; 139; Is 40.12-18; 43.11; 44.6; 1Jo 4.8."

Jesus - "Jesus Cristo é Deus Filho, a segunda pessoa da Trindade – Is 9.6; Mt 1.23; Jo 1.1; 10.30; 14.9; 20.28; Rm 9.5; 2Co 4.4; 1Ts 2.3; Cl 1.15; 2.9; Fp 2.5-7; 1Jo 5.20.."

Espírito Santo - "O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade Divina – Sl 139.7-12; 143.10; Jo 16.7-14; At 5.3-4; 10.19-20; 2Co 3.17; Ef 4.30; 1Ts 5.19."

Bíblia - "A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus inspirada – Sl 19.7-10,119; Jo 17.17; 1Tm 4.9; 2Tm 3.16; Hb 4.12-13; 2Pe 1.20-21."

Salvação - "Salvação pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo. A morte reserva a vida eterna ao lado de Deus. A crença está em torno da ressurreição dos mortos, não existindo possibilidade de reencarnação – Jo 3.16; 14.6; At 14.12;Rm 3.23-26; 10.9-10; Gl 2.16; Ef 2.8-9; Tt 3.4-5."


CONCLUINDO

Por mais nobre que sejam as motivações, não há como tentar conciliar a prática budista com a fé cristã. As cosmovisões são opostas, completamente divergentes.

Concordo com a afirmação incisiva de Josh McDowell:

Há divergências radicais entre o budismo e o cristianismo que tornam impossível qualquer tentativa de reconciliação entre as duas crenças.[1]

Como vimos, o entendimento sobre os pilares elementares do cristianismo é muito avesso no budismo; apesar do segundo ensinar muitas coisas nobres, diverge significativamente do primeiro.

O cristianismo é uma fé baseada em Jesus Cristo exclusivamente, e como Ele afirmou ser o único caminho e único mediador (Jo 14.6; 1Tm 2.15), pela fé e pela razão, confiamos nossas vidas apenas em Jesus Cristo:

E você?


NOTA

[1] MCDOWELL, Josh. Respostas convincentes. São Paulo: Editora Hagnos, 2006. p.312



 
 

sábado, 9 de julho de 2011

AJOELHOU TEM QUE REZAR!!!!!


Revista Istoé denuncia as falcatruas de Manoel Ferreira

Os calotes do bispo

Líder da Assembleia de Deus, Manoel Ferreira é acusado de usar laranja para abrir faculdade, dar golpe nos sócios e sonegar milhões em impostos

Istoé

Claudio Dantas Sequeira
 

NO PAPEL
Trechos do documento no qual o pastor Eduardo Oliveira admite ser laranja do bispo
Manoel Ferreira (acima), da Assembleia de Deus, na Faculdade Evangélica de Brasília
 
É usual no País que Igrejas de diferentes confissões religiosas apoiem a criação e a manutenção de instituições de ensino, como escolas e faculdades. Mas deve ser um serviço voluntário, sem fins lucrativos. O bispo Manoel Ferreira, ex-deputado pelo PR e presidente da Convenção Nacional das Assembleias de Deus (Conamad), teria invertido essa lógica. Lançando mão de expedientes pouco republicanos, teria recrutado laranjas, assinado contratos de gaveta e se tornado proprietário de um lucrativo negócio: a Faculdade Evangélica de Brasília. Ferreira também teria demitido funcionários sem pagar direitos trabalhistas, sonegado milhões de reais em impostos federais e dado um golpe nos próprios sócios. Um desses sócios, o pastor Donizetti Francisco Pereira, resolveu quebrar o pacto de silêncio imposto por Ferreira em sua Igreja e procurou ISTOÉ para denunciar o caso. “Fui apunhalado pelas costas”, afirma Pereira. Sem dinheiro, impedido de trabalhar e com o nome sujo no SPC e no Serasa, ele tenta há meses contatar o bispo para negociar um acordo. “Não sou a única vítima dele, só que os outros sócios e professores têm medo de represálias”, diz.

Formado em teologia e administração, Donizetti entrou para a Conamad no início da década de 1990. Em 1999, chegou a vice-presidente da Faculdade de Teologia e dava aulas como voluntário. Em 2003, foi convocado a fundar, junto a outros pastores, a Faculdade Evangélica de Brasília Ltda, que só funcionaria dois anos mais tarde. Com a entrada do dinheiro das mensalidades, começaram os desentendimentos entre os sócios. Teriam sido feitas, então, quatro alterações contratuais, sendo que a última estabelecia a divisão societária entre três pessoas: o pastor Eduardo Sampaio de Oliveira, com 20% das cotas, e os empresários Ricardo Luis Pereira e Ronaldo José Pires, dono do Salão do Automóvel de Brasília, ambos com 40%. Entretanto, em 25 de julho de 2007, os sócios realizaram uma assembléia extraordinária que determinou a divisão da sociedade apenas entre dois sócios, Ricardo Pereira (47,5%) e a Conamad (52,5%). A ata da reunião, uma espécie de contrato de gaveta, foi assinada por todos os sócios, inclusive pelo bispo Manoel Ferreira, que passou então a figurar como sócio oculto da empresa. 
“Não sou a única vítima dele, só que os outros
sócios e professores  têm medo de represálias”
pastor Donizetti Pereira, que vendeu, mas
não recebeu, suas cotas  por R$ 200 mil


A maracutaia é admitida pelo próprio pastor-laranja Eduardo Sampaio de Oliveira, que virou alvo de dezenas de ações de execução trabalhistas movidas por ex-funcionários contra a Faculdade Evangélica. Para tentar evitar o bloqueio de seus bens, o advogado de Oliveira interpôs na Justiça do Trabalho recurso alegando que seu cliente “nunca foi sócio” da instituição de ensino. “No que pese 20% das cotas da Faculdade Evangélica de Brasília constarem do contrato social, a rigor este percentual nunca lhe pertenceu. A bem da verdade, as cotas são de propriedade da Conamad (Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil – Ministério Madureira), presidida pelo Bispo Manoel Ferreira”, escreve o advogado Raimundo Pereira, o advogado de Sampaio. O próprio advogado reconhece que a Conamad, por ser entidade religiosa sem fim lucrativo, “não pode figurar como sócia em contrato social de empresa comercial”. E conclui como seu cliente virou laranja do bispo: “Por determinação do bispo Manoel Ferreira, ele foi designado para figurar no contrato, ficando a Conamad na condição de sócia oculta”. Uma verdadeira confissão de culpa.



Pelo que sugerem os documentos reunidos pelo pastor Donizetti Pereira, a tentativa de dar uma fachada de legalidade para o negócio é apenas um dos muitos pecados do bispo Manoel Ferreira. Após seis anos de existência, a Faculdade Evangélica está afundada em dívidas, é alvo de 140 ações trabalhistas, 18 ações de execução judiciais que superam R$ 1,6 milhão, além de pendências no Serasa e 108 protestos. A faculdade também emitiu nada menos que 89 cheques sem fundo, de valores que variam R$ 45 a R$ 50 mil. “Eu recebi quatro cheques de R$ 50 mil por conta da venda das minhas cotas na sociedade. Quando fui sacar, eles sustaram os cheques”, afirma o pastor Donizetti Ferreira, que retirava mensalmente um pró-labore de R$ 3 mil. Ele conta que, além dos sócios que tomaram calote, há dezenas de professores, demitidos sem receber seus direitos trabalhistas. “Alguns sequer tiveram seus salários depositados no mês em que saíram da Faculdade”, afirma. A par da gestão temerária da instituição, o pastor revela que a Faculdade Evangélica não depositou o FGTS e o INSS dos funcionários, e recentemente foi multada pela Receita Federal em cerca de R$ 2 milhões por sonegação. Consultados por ISTOÉ, o bispo Manoel Ferreira e o pastor Eduardo Sampaio não retornaram o contato. Resta saber que explicação eles darão a seus fiéis e à Justiça.



 Fonte: Istoé

domingo, 3 de julho de 2011

DEZ EFEITOS DE SE CRER NA ESCRITURAS

Resolvi postar este texto, pois é muito relevante para o atual cenário das comunidades Cristãs.
"VAMOS PARAR DE DETERMINAR E OBEDECER. É SIMPLES."
Abner Pedraça


por Jonh Piper


Estes dez efeitos são um testemunho pessoal a respeito de crer nas Doutrinas da Graça.
1. As Doutrinas da Graça enchem-me de temor a Deus e levam-me à verdadeira adoração profunda centrada em Deus.
Recordo a época em que vi, pela primeira vez, enquanto ensinava Efésios no Bethel College, no final dos anos 1970, a afirmação concernente ao alvo de toda a obra de Deus — ou seja: “Para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.6, 12, 14). Isso me fez perceber que não podemos enriquecer a Deus e que, por essa razão, sua glória resplandece mais esplendidamente não quando tentamos satisfazer as necessidades dEle, e sim quando nos satisfazemos nEle como a essência de nossas obras. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente” (Rm 11.36). A adoração se torna um fim em si mesmo. Isso me faz sentir quão insignificantes e inadequadas são as minhas afeições, de modo que os salmos de anseios se mostram vívidos e tornam a adoração intensa.


2. Estas verdades protegem-me de vulgarizar as coisas divinas.
Um dos caminhos de nossa cultura é a banalidade, a esperteza, a sagacidade. A televisão é o principal mantenedor de nosso desejo compulsivo por superficialidade e trivialidade. Deus é incluído entre essas coisas. Por isso, existe hoje a vulgarização das coisas espirituais. Seriedade não está em excesso nestes dias. Foi abundante no passado. Sim, há desequilíbrios em certas pessoas que parecem não ser capazes de relaxar e falar sobre o clima. Robertson Nicole disse a respeito de Spurgeon: “O evangelismo agradável [podemos dizer, o crescimento de igreja norteado por marketing] pode atrair multidões, mas lança a alma nas cinzas e destrói as próprias sementes do cristianismo. O Sr. Spurgeon tem sido reputado frequentemente, por aqueles que não conhecem seus sermões, como um pregador que utilizava humor. De fato, não havia nenhum outro pregador cujo tom era mais uniformemente sério, reverente e solene” (Citado em The Supremacy of God in Preaching, p. 57).


3. Estas verdades me fazem admirar a minha própria salvação.
Depois de descrever a grande salvação em Efésios, Paulo orou, na última parte daquele capítulo, para que o efeito daquela teologia fosse a iluminação do coração, a fim de que nos maravilhássemos com a nossa esperança, com as riquezas da glória de nossa herança em Deus e com o poder de Deus que opera em nós — ou seja, o poder que ressuscitou a Jesus dentre os mortos. Todos os motivos de vanglória são removidos. Há muita alegria e gratidão. A piedade de Jonathan Edwards começa a crescer. Quando Deus nos dá um vislumbre da sua majestade e de nossa impiedade, a vida cristã se torna uma coisa bem diferente da piedade convencional. Edwards descreveu isso, de maneira magnífica, quando disse: Os desejos dos santos, embora zelosos, são humildes. Sua esperança é humilde; e sua alegria, ainda que indizível e cheia de glória, é humilde e contrita, deixando o cristão mais pobre de espírito, mais semelhante a uma criança e mais propenso a um comportamento modesto (Religious Affections, New Haven: Yale University Press, 1959, p. 339ss).


4. Estas verdades tornam-me alerta quanto aos substitutos centrados no homem que passam por boas-novas.
Em meu livro The Pleasures of God (2000), nas páginas 144 e 145, mostrei que, na Nova Inglaterra do século XVIII, o afastamento do ensino sobre a soberania de Deus levou ao arminianismo e, deste, ao universalismo e, deste, ao unitarismo. A mesma coisa aconteceu na Inglaterra do século XIX, depois de Spurgeon. O livro Jonathan Edwards: A New Biography (Edinburgh: Banner of Truth, 1987, p. 454), escrito por Iain Murray, documenta a mesma coisa: “As convicções calvinistas empalideceram na América do Norte. No andamento do declínio que Edwards antecipara corretamente, aquelas igrejas congregacionais da Nova Inglaterra que tinham abraçado o arminianismo, depois do Grande Avivamento, moveram-se gradualmente ao unitarismo e ao universalismo, lideradas por Charles Chauncy”. No livro Quest for Godliness (Wheaton, IL: Crossway Books, 1990, p. 160), escrito por J. I. Packer, você pode perceber como Richard Baxter abandonou estes ensinos e como as gerações seguintes tiveram uma colheita horrível na igreja de Baxter, em Kidderminster. Estas doutrinas são uma proteção contra os ensinos centrados no homem que, sob muitas formas, corrompem gradualmente a igreja, tornando-a fraca em seu interior, enquanto parece forte e popular. 1 Timóteo 3.15 — “Para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”.


5. Estas verdades fazem-me gemer diante da indescritível enfermidade de nossa cultura secular que milita contra Deus.
Não posso ler o jornal, assistir a uma propaganda na TV ou ver um outdoor sem o intenso pesar de que Deus está ausente. Quando Ele, a principal realidade do universo, é tratado como se não existisse, tremo ao pensar na ira que está sendo acumulada. Fico chocado. Tantos cristãos estão sedados pela mesma droga que entorpece o mundo. Mas estes ensinos são um antídoto poderoso. Oro por um despertamento e avivamento. Esforço-me para pregar tendo em vista criar um povo tão impregnado de Deus, que O mostrará e falará sobre Ele onde quer que esteja, em todo o tempo. Existimos para afirmar a realidade de Deus e a sua supremacia em toda a vida.


6. Estas verdades tornam-me confiante de que a obra planejada e começada por Deus chegará ao final — tanto no que diz respeito ao universo como ao indivíduo.
Este é o argumento de Romanos 8.28-39: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.


7. Estas verdades fazem com que eu veja todas as coisas à luz dos propósitos soberanos de Deus: dEle, por meio dEle e para Ele são todas as coisas; a Ele seja a glória para sempre e sempre.
Todas as coisas da vida se relacionam a Deus. Não há qualquer aspecto de nossa vida em que Ele não seja extremamente importante — Aquele que dá sentido a tudo (cf. 1 Co 10.31). Ver os propósitos soberanos de Deus sendo desenvolvidos nas Escrituras e ouvir o apóstolo Paulo dizendo: Ele “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11) faz-me perceber o mundo desta maneira.


8. Estas verdades enchem-me da esperança de que Deus tem vontade, direito e poder de responder as súplicas para que pessoas sejam mudadas.
A garantia da oração é que Deus pode irromper e mudar as coisas — incluindo o coração humano. Pode transformar a vontade. “Santificado seja o teu nome” significa faze as pessoas santificarem o teu nome. “Que a tua palavra se propague e seja glorificada” significa faze os corações abrirem-se para o evangelho. Devemos tomar as promessas da nova aliança e rogar a Deus que sejam trazidas à realização em nossos filhos, vizinhos e todos os campos missionários do mundo. “Ó Deus, remove deles o coração de pedra e dá-lhes um coração de carne” (Ez 11.19). “Senhor, circuncida o coração deles para que Te amem” (Dt 30.6). “Ó Pai, coloca dentro deles o teu Espírito e faze-os andar nos teus estatutos” (Ez 36.27). “Senhor, concede-lhes arrependimento e conhecimento da verdade, para que fiquem livres das armadilhas do diabo” (2 Tm 2.25-26). “Pai, abre-lhes o coração para crerem no evangelho” (At 16.14).


9. Estas verdades recordam-me que o evangelismo é absolutamente essencial para que as pessoas venham a Cristo e sejam salvas. Recordam-me também que há esperança de sucesso em levar as pessoas à fé e que, em última análise, a conversão não depende de mim, nem está limitada à insensibilidade do incrédulo.
Portanto, isso nos proporciona esperança na evangelização, especialmente em lugares difíceis e entre pessoas de coração empedernido. “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz” (Jo 10.16). É a obra de Deus. Dedique-se a ela com resignação.


10. Estas verdades deixam-me convicto de que Deus triunfará no final.
“Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Is 46.9-10). Reunindo todas estas verdades: Deus recebe a glória, e nós, o gozo.
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Fonte: Revista FIEL