terça-feira, 27 de novembro de 2012

Thabiti Anyabwile – Notas Sobre Batalha Espiritual

 

Parece-me que muitos (a maioria?) dos crentes teologicamente conservadores da Bíblia (incluindo eu) não pensam muito sobre a batalha espiritual. Talvez seja porque há alguns cristãos malucos que parecem falar apenas sobre a batalha espiritual, da maneira como alguns jovens calvinistas malucos apenas falam sobre predestinação e eleição. Ou, talvez seja porque tudo isso soe um pouco fantasmagórico ou assustador. Ou, talvez, não falemos muito sobre isso porque estamos infectados com o ceticismo do pensamento modernista e “científico”, levando-nos a desprezar “todo esse negócio de batalha espiritual”? Eu não sei. Mas eu estou pensando que, se não temos categorias para a batalha espiritual, então provavelmente estamos perdendo a batalha em alguma área de nossa vida cristã.
Mas, qual leitor do Novo Testamento pode duvidar da realidade de nossa luta no mundo espiritual? Apenas um exemplo clássico:
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Ef 6:11-12)

Nossos inimigos nesta guerra

Nós temos três inimigos nesta guerra: o mundo, a carne e o diabo. Ou, porque estou me sentindo estranhamente poético: Dos meus inimigos há três — Satanás, o mundo, e eu. Estes inimigos eram e são mortais para nós:
Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. (Ef 2:1-3)
Estes três inimigos têm uma particular relação um com outro em sua guerra contra nós. O Diabo, a antiga serpente, é “o príncipe deste mundo” (João 12:31; 14:30, 16:11). Como tal, ele governa o sistema do mundo, em um esforço para esconder a verdade sobre Deus:
Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno. (1 Jo 5:19).
Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. (2 Coríntios. 4:4)
O mundo, sob o domínio do maligno, é um sistema de pensamentos, valores, ideias e ações que expressam uma verdadeira hostilidade e rejeição para com Deus e o seu povo. O mundo é irreconciliável com Deus — tanto que a abraçar os caminhos do mundo é unir-se ao mundo em inimizade contra Deus.
Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente. (1 Jo 2:15-17)
Assim, Satanás tem distorcido e sabotado o mundo que Deus fez, inventando um sistema que permanece irremediavelmente hostil para com o Criador. De que maneira o mundo se une para atacar o cristão? Bem, o mundo ataca seduzindo a carne do cristão, os desejos pecaminosos e pensamentos que permanecem no cristão. Deixe-me usar quatro comentários bíblicos sobre a Lei como uma ilustração:
Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo […] Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não o são; mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? (Gl 4:3, 8-9)
No contexto, surpreendentemente, as referências de Paulo para “os princípios básicos do mundo” incluem a própria lei de Deus, que era o nosso professor, supervisionando-nos até a vinda de Cristo (3:23-25). O apóstolo considera a regra da lei de tocar, provar, e celebrar como parte dos princípios básicos do mundo:
Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo […] Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças (Col. 2:8, 20)
Satanás governa o mundo para atacar o cristão através de sua carne de muitas maneiras. Pela graça de Deus nós não somos ignorantes dos dispositivos do inimigo. Vou citar três. Primeiro, ele usa o mundo para conspirar com a nossa carne, cegando o cristão com um ascetismo religioso ineficaz:
Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade. (Colossenses 2:20-23)
Segundo, Satanás usa o mundo para fortalecer nossa carne a fim de negligenciarmos o viver no/pelo Espírito de Deus:
Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. (Rm 8:3-8)
Terceiro, Satanás usa o mundo para nos cegar para o fato de que a nossa natureza pecaminosa é a raiz do nosso pecado e tentação:
Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. (Tiago 1:13-15)

Como reagir a tudo isso?

Três coisas:
Primeiro, uma vez que nossos próprios desejos e pensamentos são o campo de batalha desta guerra, devemos mortificar a nossa carne.
Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. (Rm 8:12-14)
A carne morta não pode ser uma carne tentadora.
Em segundo lugar, uma vez que o mundo conspira com a nossa carne contra Deus, devemos cultivar um ódio santo contra o sistema do mundo.
E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)
Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; (1 João 2:15).
Terceiro, mortificando constantemente a carne e renovando nossa mente e afeições para com Deus, devemos tomar nossa posição contra o diabo:
Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo […] Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes… (Ef 6:10-11, 13-14)
Claro, tudo isso só é possível se Cristo Jesus, o Filho de Deus for a nossa Vitória e nossa esperança for naquele que esmagou a cabeça da serpente (Gn 3:15), que trouxe o julgamento contra o mundo e derrotou o seu príncipe ( João 12:31), e pelo Seu Espírito que crucifica nossa carne (Rm 8:13; 2 Pedro 1:4).
A estratégia básica para a nossa guerra: Mortificar a carne. Odiar o sistema do mundo. Resistir o diabo.
Luta feliz porque nós todos em Cristo vencemos o mundo pela fé no Filho de Deus (1 João 5:1-5).
Por Thabiti Anyabwile. Copyright © 2012 The Gospel Coalition, Inc. All rights reserved.. Website: www.thegospelcoalition.org/blogs/thabitianyabwile/. Original: Notes on spiritual warfare.
 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A FAMÍLIA SOBRE OS TRILHOS


 A família para ser feliz precisa andar sobre os trilhos e ter as prioridades certas:


 1) Coloque Deus acima das pessoas;

DEUS EM PRIMEIRO LUGAR: Ex 20,2-5

O primeiro mandamento convida o homem a crer em Deus, a esperar nele e a amá-lo acima de tudo.
Vivemos numa sociedade que se esquece de Deus, ama as coisas e usa as pessoas. Devemos, porém, adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas. A Bíblia nos ensina a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, sabendo que as demais coisas nos serão acrescentadas. Precisamos investir em nosso relacionamento com Deus.
 

 2) Coloque seu cônjuge acima de seus filhos;

Um dos grande erros que se comete é colocar os filhos acima do cônjuge. Muitos casais transferem o sentimento que devem dedicar ao cônjuge para os filhos e isso, fragiliza a relação conjugal e ainda afeta profundamente a vida emocional dos filhos. O maior presente que os pais podem dar aos filhos é amar seu cônjuge. Pais estruturados criam filhos saudáveis.



 3) Coloque seus filhos acima de seus amigos


Um dos melhores presentes de Deus para as os pais são os filhos. Há grande alegria nos filhos.
 
O propósito de Deus é que os filhos sejam fontes de bênçãos. Herança do Senhor são os filhos, fruto do ventre o seu galardão (Sl. 127:3).
 
 

4) Coloque os relacionamentos acima das coisas

 
Vivemos numa ciranda imensa, correndo atrás de coisas. Muitas pessoas acordam cedo e vão dormir tarde, comendo penosamente o pão de cada dia. Pensam que se tiverem mais coisas serão mais felizes. Sacrificam relacionamentos para granjearem coisas. Isso é uma grande tolice. Pessoas valem mais do que coisas. Relacionamentos são mais importantes do que riquezas materiais. É melhor ter uma casa pobre onde reina harmonia e paz do que viver num palacete onde predomina a intriga.
 


 5) Coloque as coisas importantes acima das coisas urgentes

Há uma grande tensão entre o urgente e o importante. Nem tudo o que é urgente é importante. Não poucas vezes, sacrificamos no altar do urgente as coisas importantes. Nosso relacionamento com Deus, com a família e a com a igreja são coisas importantes. Relegar esses relacionamentos a um plano secundário para correr atrás de coisas passageiras é consumada tolice. A Bíblia nos ensina a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, sabendo que as demais coisas nos serão acrescentadas. Precisamos investir em nosso relacionamento com Deus e em nossos relacionamentos familiares, a fim de não naufragarmos nesse mar profundo da pós-modernidade!

 Hernandes Dias Lopes

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Bobby Jamieson – Como Viver Com o Que Você Não Consegue Mudar (4/4)

Nos três últimos posts, eu argumentei que para a maioria, se você não for o pastor você não pode mudar nada fundamental sobre sua igreja. E eu examinei as exceções a esta regra e falei do que você pode fazer para mudar sua igreja.
Neste último post quero refletir sobre como viver com aquilo que você não consegue mudar em sua igreja.

Vivendo com o que você não consegue mudar

Obviamente, você não deve viver com heresias ou erros doutrinários importantes. Então se sua igreja começar a se desviar seriamente dos trilhos teológicos, trabalhe para trazê-la de volta ao curso. E se ela deixa o caminho por completo, sem chance real de reforma adiante, você realmente não tem escolha senão deixá-la.
Mas vamos dizer que você está em uma igreja que é basicamente sã doutrinariamente, mas que possui uma hoste de pequenos, porém sérios, problemas. E não parece que estes problemas irão embora tão cedo.
Basicamente, você tem duas opções: sair pacificamente, ou permanecer alegremente.

Sair Pacificamente…

A decisão de sair ou não dependerá em parte se há outra igreja significativamente mais saudável na proximidade. Isto não é tudo, mas uma parte necessária.
Se voce decidir sair, preserve a unidade em sua saída. Fale caridosamente e sem muitos detalhes sobre as razões de sua saída. Fale tão bem quanto possível sobre sua atual igreja e seus líderes. Trabalhe antecipando seu movimento para minimizar qualquer dano relacional ou tensão ministerial que sua partida possa causar. E ore por seu coração, por seus líderes, e por toda a igreja. Não deixe que a amargura lhe acompanhe até a porta, ou que ela seja o presente de despedida que você deixa para trás.
Mas a decisão de sair também depende de com o que você decide que pode e não pode conviver. Pense cuidadosamente sobre prioridades teológicas — quais doutrinas são mais centrais, importantes, e praticamente significantes que outras. Pense cuidadosamente sobre questões de preferência versus princípio bíblico, estilo versus substância. Busque aconselhamento. Determine em oração onde está seu limite. E se o limite for claramente ultrapassado, saia pacificamente.

…ou Permaneça Alegremente

Mas se você decidir ficar, seja porque você livremente decidiu que você pode viver com o que você não consegue mudar, ou porque não há outro lugar para ir, permaneça alegremente.
Aqui há algumas maneiras de fazer isso:

1. Seja Leal ao Seu Pastor

Primeiramente, seja leal ao seu pastor. Seja um membro fiel, submisso, humilde e apoiador. Expulse o pensamento de que sua lealdade e submissão dependem de seu pastor concordar com você em cada ponto doutrinário ou prático. Não deixe que suas discordâncias teológicas ou práticas transformem-se em justificações para desobedecer aos mandamentos bíblicos de submeter-se a seus anciãos e estimá-los no Senhor (Hebreus 13:17; 1 Tessalonicenses 5:12-13).
Em outras palavras, seja um verdadeiro amigo de seu pastor. Carregue seus fardos. Ore por ele. Seja por ele. Silencie as fofocas e reclamações dos outros sobre ele com sua própria apreciação alegre dele. E deixe que ele saiba pessoalmente que você o ama e o apoia.

2. Declare o Que Há de Bom na Igreja, Especialmente na Pregação

Segundo, declare tudo o que você puder sobre o ministério de sua igreja, especialmente na pregação de seu pastor. Por “declarar” quero dizer dar encorajamentos verbais específicos, tanto a seu pastor quanto a outros membros.
Quando você foi particularmente encorajado pela exposição que seu pastor fez das Escrituras em um sermão, conte para ele, e diga o porquê. Mostre a ele que seu ministério está cultivando frutos na sua vida. Isso será bom para sua alma e para a dele.

3. Não Provoque Descontentamento Entre Membros

Terceiro, não provoque descontentamento entre membros. Se você desenvolveu convicções que vão além das de seu pastor — por exemplo, sobre a soteriologia reformada ou pregação expositiva — seja muito cauteloso e cuidadoso sobre como você fala para os seus comembros sobre elas. A última coisa que você quer é plantar sementes de descontentamento ou começar convocar pessoas em torno de suas ideias e contra o seu pastor.

4. Seja Atrativamente Piedoso

Quarto, seja atrativamente piedoso. Embriague-se das Escrituras e da oração. Faça da obediência a Jesus sua principal ambição. Seja uma fonte de saúde bíblica e vida bíblica que transborda para outros.

5. Vista-se de Amor

Finalmente, sobre todos estes, vista-se de amor. Seja paciente com seus irmãos. Discipline-se a não reclamar e criticar. Domine não apenas sua língua, mas seu espírito. Tenha alegria tal nas boas coisas que Deus está fazendo em sua igreja que sobre pouco espaço para depressão descontente.
Em outras palavras, ame a sua igreja porque Cristo ama a igreja e deu a si mesmo por ela (Efésios 5:25). Ame a sua igreja não porque eles sejam amáveis, mas porque eles são amados (Deuteronômio 7:7-8). E se Deus pode amar a sua igreja apesar de tudo o que pode haver de errado com eles, você também pode.
Por Bobby Jamieson. Copyright © 2012 9Marks. Website: 9marks.org. Original: How to Live with What You Can’t Change (Part 4 of 4)
 

Bobby Jamieson – Como Mudar Sua Igreja (3/4)

Em meu primeiro post nesta série eu argumentei que o curso normal das coisas, se você não é o pastor de sua igreja, você não pode mudar sua igreja de nenhuma maneira fundamental. No segundo post eu explorei diversas aparentes exceções a isto, incluindo algumas que são de fato exceções.
Neste post, eu quero responder à pergunta: “Tudo bem, o que eu posso fazer se eu estou numa igreja que precisa seriamente mudar?”
Obviamente, não existe uma resposta que caiba para toda situação. Toda igreja é diferente, e toda pessoa fazendo a pergunta é diferente. Então neste post eu não estou dando direções universais e absolutas. Também não estou tentando falar para cada situação neste mundo. Ao invés disso, tentarei oferecer algumas sugestões que deveriam ser aplicadas muito bem para muitas pessoas em muitas igrejas.

Como Mudar Sua Igreja

Primeiro, um princípio geral: encontre o máximo de denominadores comuns que você puder com sua igreja e seus líderes, e invista o máximo de energia que puder trabalhando nestes denominadores comuns.
Se você discorda dos líderes de sua igreja sobre a eleição, pelo menos você concorda com eles que as pessoas precisam crer no evangelho e serem salvas — então evangelize. Se você discorda da abordagem programática da igreja ao ministério, pelo menos você concorda que programas são feitos para servir as pessoas e ajudá-las a amadurecer em Cristo — então sirva aos outros e faça discípulos, quer seja através de um programa ou não.
Meu ponto é que é fácil ficar fixado nos 10 por cento que você discorda e ignorar os 90 por cento que você concorda — e as maneiras incontáveis que você pode alegremente ministrar junto baseando-se nestes 90 por cento. E se for mais uma divisão de 50-50? Eu vou abordar isso brevemente no meu post final desta série.
Agora vamos a algumas especificações. Eis aqui vários ministérios que a maioria das pessoas na maioria das igrejas podem exercitar que devem, pela graça de Deus, ajudar a igreja a crescer em saúde.

1. O Ministério do Banco

Primeiro, o ministério do banco. (Eu incentivaria você a dar uma olhada no excelente artigo* de Colin Marshall sobre o assunto). A ideia básica aqui é que toda reunião da igreja é uma oportunidade de servir aos outros. É uma oportunidade de dar as boas vindas a um visitante, de compartilhar o evangelho com um não-cristão que veio com um amigo, de ajudar a fazer as coisas acontecerem nos bastidores, de descobrir e carregar os fardos dos outros, e de provocar o amor e as boas obras nos outros (Hebreus 10:24-25).
Então deixe de ser um consumidor e passe a ser um produtor. Não veja a igreja como um tempo para experiência religiosa particular, mas como uma oportunidade rara e preciosa de servir tantas pessoas em tão curto tempo.
Se sua igreja sofre da síndrome dos 20/80 — 20 por cento de pessoas fazem 80 por cento do trabalho — então seu ministério do banco não vai apenas ajudar ministérios necessários a serem realizados, mas também dar um exemplo para que os outros sigam. Com o tempo, quem sabe quantas pessoas você poderá discipular a cumprir um serviço mais ativo e altruísta na igreja? Mais sobre isso abaixo.
Finalmente, esse tipo de serviço silencioso, diligente e de iniciativa é justo o tipo de coisa que, com o tempo, ganha respeito, confiança, e às vezes até mesmo ouvidos para novas ideias.

2. O Ministério da Comissão de Indicação

Segundo, o ministério da comissão de indicação. Obviamente, poucas pessoas terão a chance de sentar em uma comissão de indicação pastoral. (Na verdade, eu não penso que as igrejas deveriam sequer ter “comissões de indicação”, mas esta é outra história* — e nós temos de fazer o que podemos com o que temos). Mas se sua igreja está em necessidade de um pastor principal de pregação, não há maneira mais estratégica de mudar sua igreja do que trabalhar para chamar um fiel e piedoso expositor da Palavra.
Em uma comissão de indicação, um pouco de liderança pode ir longe. Então sugira que você comece com a recomendação de um pastor confiável ao invés de carregar montes de currículos. Isso pode obter aprovação, mesmo que apenas por reduzir a carga de trabalho da comissão. E proponha uma lista bíblica de qualificações e prioridades logo no início. Isso pode colocar o foco da comissão na direção certa, e também ajudar a prevenir preferências antibíblicas de detonar a candidatura de um homem piedoso e qualificado.
Mas meu ponto principal é: seja lá como você possa influenciar de maneira lógica na escolha do próximo pastor de sua igreja, faça. Claro que nem todos terão a oportunidade de estar na comissão de indicação, mas na maioria das igrejas, cada membro terá algum tipo de opinião sobre quem o próximo pastor será. Então administre — e manobre — esta responsabilidade com sabedoria.

3. O Ministério da Oração

Terceiro, o ministério da oração. Ore a Deus pelo presente que é sua igreja. Adore-o por seu maravilhoso plano de chamar para si um povo para sua glória, e sua promessa de nunca deixar sua igreja ou deixar Satanás vencer sobre ela.
E, ainda mais ao ponto, dê graças por sua igreja. Ações de graça puxam a amargura e a reclamação pelas raízes — e se você apaixonadamente quer mudar sua igreja, estas tentações estarão sempre à espreita. Então dê graças por cada evidência da graça de Deus na igreja que você possa imaginar.
Confesse seus próprios pecados, as maneiras pelas quais você foi injusto com a igreja. E interceda por sua igreja. Peça a Deus para dar a toda sua igreja discernimento, amor, unidade, humildade, paciência. Peça a Deus para dar aos seus líderes sabedoria e coragem. Peça a Deus para cultivar na sua igreja o entendimento e a obediência à sua Palavra. Ore constantemente. E confie que Deus irá trabalhar.
Você pode não ser capaz de mudar sua igreja, mas Deus é. Então ore.

4. O Ministério do Discipulado Pessoal

Quarto, o ministério do discipulado pessoal. Ao invés de se concentrar no que está errado com “a igreja”, concentre-se em como você pode ajudar membros individuais da igreja a crescer em graça. Você pode mudar sua igreja ajudando membros a crescerem em seu entendimento das Escrituras, do amor de Cristo, do amor pela igreja, do serviço às suas famílias, da ousadia no evangelismo, e mais.
E você não precisa pedir a permissão de ninguém para começar a discipular. Apenas comece a buscar o bem espiritual dos outros. Construa relacionamentos que sejam centralizados em ajudar uns aos outros mutuamente a crescer em Cristo. Leia livros da Bíblia com outros membros da igreja depois do almoço ou no fim de semana. Faça perguntas de exame espiritual e dê o exemplo aos outros através de sua própria transparência e humildade.
Em suma, talvez a única maneira mais efetiva pela qual você pode mudar sua igreja é pessoalmente ajudar aos outros a serem conformados à imagem de Cristo.

5. O Ministério do Exemplo Pessoal

Quinto e último, o ministério do exemplo pessoal. Uma das maneiras mais efetivas de mudar uma igreja é crescer constantemente em Cristo e deliberadamente servir como modelo para os outros. É claro que isso anda de mãos dadas com o discipulado.
Você pode não ser capaz de mudar a estrutura de liderança de sua igreja, mas você pode servir de exemplo de submissão humilde aos seus líderes e tornar o trabalho deles uma alegria (Hebreus 13:17). Você pode não ser capaz de converter seu pastor para a pregação expositiva, mas você pode ser modelo de um amor infeccioso pelas Escrituras que respingue sobre os outros.
Você não quer servir de modelo de uma maneira que crie uma pequena tropa de discípulos que são mais devotos a você do que à igreja. Ao invés disso, seu exemplo deve ter justamente o efeito contrário. Sua vida deve ser tamanho modelo de serviço fiel que constrói unidade na igreja, que o que as outras pessoas aprendem de seu exemplo não é apenas como crescer em piedade pessoal, mas como ser um bom membro de igreja.
Em outras palavras, você deve ser o tipo de exemplo que, se todos na igreja o seguissem, você tornaria sua igreja mais saudável, mais unida, e mais comprometida com o bem do outro.

Mais Uma Ponta Solta

Você pode não ser capaz de mudar tudo o que quiser em sua igreja, mas penso que esta lista é mais do que suficiente para manter a maioria de nós ocupados.
Há ainda uma ponta solta que eu quero amarrar: como você lida com humildade e contentamento com uma igreja que tem sérios problemas e que provavelmente não irá mudar? Eu posso oferecer apenas a mais breve e geral de todas as respostas, mas espero fazer isso no meu post final desta série.
Por Bobby Jamieson. Copyright © 2012 9Marks. Website: 9marks.org. Original: How to Change Your Church (Part 3 of 4)