segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Calvin, Haroldo e a graça barata

por Eric Rauch


Quando nosso filho mais velho completou oito anos, eu comecei a tentar gastar mais tempo ensinando, lendo, e pensando com ele sozinho, separado das outras crianças. Como eu não nasci em um lar cristão, frequentemente encontro dificuldade em ser o cabeça espiritual – isso não vem fácil, parece estranho e forçado às vezes. No entanto, em outras vezes, uma verdade espiritual cai sobre o meu colo e eu e meu filho somos imensamente abençoados por ela. Uma ocasião rara como essa aconteceu algumas noites atrás…
Como me mudei há pouco tempo, muitos dos meus livros continuam espalhados pela casa em vários lugares – em caixas, em armários, em pilhas de alturas precárias – para o grande desgosto da minha paciente esposa. Num desses lugares supracitados, meu filho encontrou algumas das minhas antigas coleções de Calvin e Haroldo e começou a lê-las. Já que esses clássicos atemporais são algo que todos os jovens deveriam ler, eu não tive objeções. Enquanto estávamos conversando algumas noites depois, eu estava tentando mostrar ao meu filho a diferença entre misericórdia e graça. “Misericórdia”, eu enfatizei, “é não receber o que merecemos, e graça é receber o que não merecemos” (olhares em branco de uma criança de oito anos). Então, tentei uma tática diferente: “A misericórdia de Deus é o que nos livra da punição pelo nosso pecado, mas Sua graça foi o que levou Jesus à cruz para sofrer a punição no nosso lugar” (algumas luzes começando a aparecer no cérebro de uma criança de oito anos). A parte da misericórdia pareceu dar um clique na cabeça dele e o fez relembrar de uma tirinha de Calvin e Haroldo que ele tinha lido mais cedo naquele dia. Quando ele me trouxe o livro que continha a tirinha, eu me sentei maravilhado com a simples e direta lição perante mim.[1]

Em poucas palavras, esse é o cenário: é concedido a Calvin o grande privilégio de poder usar os binóculos de seu pai, que lhe disse para ser extremamente cuidadoso. Com certeza, ele o quebrou e estava agoniado o dia todo, se sentindo péssimo e pensando em quanto o pai dele o puniria. Em uma atitude de misericórdia sem precedentes, o pai perdoou Calvin (sem punição) e, na verdade, comprou para Calvin binóculos somente para ele (graça). Essa simples tirinha deu ao meu filho uma ilustração do que eu estava falando, e o ajudou a entender mais profundamente a misericórdia de Deus e a Sua graça por meio de Seu filho. Isso também me mostrou como eu frequentemente tendo a explicar a Bíblia de maneira muito engenhosa para os meus filhos. Na maioria das vezes, eu sobrecarrego meus filhos com muita informação, ao invés de me contentar em explicar um ou dois pontos. Esquecendo de que o próprio Jesus ensinou adultos por meio de parábolas, tento ensinar minhas crianças lições de 10 pontos em teologia e acabo frustrando todos, eles e eu. Como se já não fosse o bastante, Calvin e Haroldo tinham mais uma coisa para mostrar a mim e a meu filho.
No último quadrinho da tirinha, depois de Calvin ser alvo da graça de seu pai, sua mente pecaminosa imediatamente imaginou uma forma de tirar total vantagem da situação. Em Romanos 5:20, Paulo escreve: “onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Calvin, certamente, entendeu isto: se quebrando os binóculos do papai eu ganhei os meus próprios, então devo quebrar algumas das ferramentas elétricas do papai também! Mas Paulo continua sua linha de raciocínio em Romanos 6:1-2 “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?”. A instantânea amnésia de Calvin a respeito de seu pecado e a atitude desdenhosa para com a graça de seu pai não é algo novo. Eram coisas prevalentes na igreja primitiva – por isso as palavras de Paulo em Romanos 5 e 6 – e continuam sendo problemas nos nossos dias. John MacArthur escreve:
O evangelho em voga hoje oferece uma falsa esperança para os pecadores. Promete a eles a possibilidade de ter vida eterna e continuar vivendo em rebelião contra Deus. De fato, ele encoraja as pessoas a clamarem a Jesus como seu Salvador e adiar o compromisso de obedecê-Lo como Senhor. Promete salvação do inferno, mas não necessariamente liberdade da iniquidade. Oferece uma segurança falsa para pessoas que se divertem nos pecados da carne e desprezam o caminho da santidade. Ao separar fé de lealdade, ele ensina que a aceitação intelectual é tão válida quanto a obediência de todo coração à verdade… Romanos 6 é a refutação de Paulo ao antinomianismo[2]. Ele argumenta que nossa união com Cristo garante que não seremos mais escravos do pecado… Aqueles que argumentam contra a salvação de senhorio geralmente embasam sua teologia na suposição equivocada de que a obra de Deus na salvação termina na justificação. O restante, muitos acreditam, é puramente o esforço do próprio crente. Santificação, obediência, renúncia, e todos os aspectos do discipulado são deixados para os crentes escolherem fazê-los ou não.[3]
Assim como a “graça barata” de Calvin fez com que ele procurasse por outras formas de ganhar do sistema, nossas igrejas estão lotadas de homens e mulheres que estão abandonando o futuro da igreja em troca de uma rápida dose de graça temporária. Discipulado é uma prática que não existe em nossas igrejas americanas. Me contaram certa vez em uma igreja em que estive que eles tinham “tentado fazer um programa de discipulado alguns anos atrás, mas era muito difícil para continuar com ele”. Se esse não é um comentário triste, então eu não sei o que é. A atual obsessão com o tamanho da igreja e seu crescimento é sem sentido se não estivermos discipulando os membros que nós temos. Nossos velhos e “endurecidos” membros precisam condenar esse espírito de antinomianismo de nossa era e ajudar na santificação dos homens e mulheres jovens de nossas congregações:
“Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância. Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada. Quanto aos moços, de igual modo, exorta-os para que, em todas as coisas, sejam criteriosos. Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito.” (Tito 2.2-8)
Nós estamos testemunhando uma época interessante na história da igreja. As pessoas estão começando a levar a Bíblia a sério novamente. O ensino em casa está se tornando mais popular a cada ano. Escolas cristãs estão ficando cheias. As famílias estão tendo mais filhos. Mas tudo isso pode ser em vão se nossos homens e mulheres mais velhos não aconselharem e treinarem nossos homens e mulheres mais jovens na sã doutrina. Não é só porque seus filhos estão crescidos que você está fora do jogo. Ache uma mãe ou um pai jovem em sua congregação e ajude-a[o] a crescer em graça. Não provoque a graça de Deus esperando por ferramentas elétricas, saia e use seus binóculos (mas não para ir à praia olhar para as garotas).

Notas:
[1] Bill Watterson, Weirdos From Another Planet! (Kansas City: Andrews and McMeel, 1990), 46.
[2] Antinomianismo: corrente teológica que nega ou diminui a importância da lei de Deus na vida do crente.
[3] John MacArthur, The Gospel According to Jesus (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1994), xxi, 201–202.

Traduzido por Fernanda Vilela | iPródigo.com




terça-feira, 14 de agosto de 2012

CONTABILIDADE DE ALMAS


Zilton Alencar


Hoje eu acordei lembrando do filme Titanic, que assisti há bastante tempo! Superprodução ganhadora de muitos Oscars, sem dúvida foi um dos mais bem produzidos filmes de Hollywood. Em dado instante, veio-me à lembrança a cena onde o capitão recebe a informação de que o navio está afundando, sem condições de se deter a tragédia. Preocupado e desorientado, ele pergunta ao imediato quantas pessoas estão a bordo. Recebe imediatamente a resposta: “Duas mil duzentas e tantas almas, senhor!”.

Hoje também é costume se contar almas. Isto é muito feito no interior das igrejas, onde a quantidade de discípulos atraídos é sinal de status e a prova definitiva de que Deus está operando naquele lugar, aprovando o que lá acontece. Quando há qualquer questionamento doutrinário ou comportamental, alguém logo sai em defesa de seu “ungido” e pergunta quantas almas o questionador já ganhou; caso ele já tenha ganho algumas ou muitas, vamos comparar as quantidades para ver quem tem mais poder, mais autoridade, mais credibilidade, mais unção...

Eu não me preocupo com quantidade de almas ganhas, porque a parábola do servo inútil parece ter sido contada pelo Senhor Jesus exatamente para ilustrar esta situação (Lc 17:7-10). Não importa quantas almas eu já ganhei ou quantas vou ainda ganhar pois almas não podem e nem devem ser computadas em estatísticas de poder ou credibilidade. Mesmo ganhas aos milhares, o objetivo de ganhar almas jamais poderá ser para o engrandecimento do pregador, e sim do Reino. Pregar o Evangelho é nossa obrigação; ganhar almas é tarefa não nossa, mas do Espírito Santo. Assim, quando eu "ganho uma alma para Jesus" nada mais fiz que simplesmente pregar o Evangelho. Coube ao Espírito Santo convencer o ouvinte e conduzi-lo a Cristo. Fui apenas um "moleque de recados". A obra foi TOTALMENTE feita por Deus, o plano de salvação, a vinda do Salvador, Sua morte expiatória e Sua ressurreição. A mensagem do Evangelho não é minha, nem da minha igreja, nem do meu ministério. As almas, finalmente, não são ganhas para a nossa glória, mas para a glória de Deus!

Além disto, há pessoas que não as ganham, mas ajudam almas ganhas por terceiros a crescer (1 Co 3:1-9). Paulo não vê diferença entre um e outro. Outras, ganham almas e nem tomam conhecimento disto. Tenho um amigo que é exemplo disto. Ele é pastor e trabalha secularmente em ambiente hospitalar. Todos os dias ele tem acesso à UTI e prega o Evangelho os enfermos. Apresenta-lhes rapidamente a Palavra de Deus, mostra-lhes Jesus como o único que pode lhes trazer a salvação após a morte, faz um apelo para que o enfermo O aceite como único salvador e ora por ele. Às vezes ele percebe, por um movimento de lábios ou de olhos, uma tênue resposta; na maioria dos casos nenhum sinal se percebe, principalmente no caso de enfermos inconscientes. Mas ele não desiste. Prega o Evangelho a todos, conscientes ou não! Ele chama seu ministério como “o evangelismo da última hora”. Não sabe quantas almas já ganhou para Cristo. Não as congrega na igreja aonde é pastor. Não se torna um grande pastor, com uma multidão de seguidores após si. Só tomará conhecimento de quantas almas ganhou apenas no Último Dia. E o melhor: não tem do que se gloriar da quantidade de almas que já ganhou. Sabe que não passa de um servo inútil, que está fazendo não mais que a sua obrigação. As almas só lhe serão computadas para efeito de galardão!

Quantidade, no aspecto de “contabilidade de almas”, não significa nada! Não nos compete contá-las para usar seu número para nossa própria glória. Aliás, esta parece ser a grande causa do castigo divino sobre o recenseamento promovido por Davi em Israel (2 Sm 24).Que explicação melhor encontraríamos para tão grande castigo, senão o orgulho de ser rei sobre uma grande multidão?
Uma multidão não referenda um ministério. Muitos seguidores não significam a aprovação divina para o ministério ou para o obreiro! Sinais, milagres e maravilhas nada significam, uma vez que falsas religiões os praticam, e que Jesus foi categórico que muitos que fizeram tais sinais serão rejeitados no juízo (Mt 7:21-23). O uso de almas como contabilidade ministerial só revela a falta de escrúpulos do obreiro, sua tentativa forçada de ser reconhecido e respeitado pelos seus opositores e sua incompreensão ao verdadeiro sentido de ganhar almas para Deus!

Desde os tempos dos apóstolos, vemos pessoas arrastando após si multidões (At 5:35-37), sem contudo isto referendar sua pregação ou ministério. O mesmo acontece nos nossos dias. Religiões pseudocristãs, como o Espiritismo, o Mormonismo, as Testemunhas de Jeová, batem recordes de crescimento a cada ano, e nem por isso têm a aprovação divina, já que distorcem a Palavra de Deus e afastam o homem da plena comunhão com Jesus Cristo. O conselho de Gamaliel (se é de Deus, ninguém vai impedir, e o crescimento é a prova da anuência divina) não referenda estes ministérios.

E nem adianta afirmar-se que faz parte de uma religião evangélica! O objetivo da religião, como o próprio nome afirma, é religar o homem a Deus, e este religamento, à luz da fé cristã genuína, só pode ocorrer quando conduzimos o homem pecador a viver de conformidade com as Escrituras. Quando alguém, mesmo sob o signo do evangelicanismo, ganha uma multidão, mas afasta esta multidão da Palavra de Deus, não está ganhando almas para Jesus, e sim para si mesmo, para sua igreja, para sua denominação! É o caso explícito da parábola do cego guiando outro cego (Lc 6:39-40), quando ambos cairão inexorável e inevitavelmente na cova.

A parábola do guia cego nos dá pelo menos duas grandes lições: “E dizia-lhes uma parábola: Pode porventura o cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova? O discípulo não é superior a seu mestre, mas, todo o que for perfeito será como o seu mestre“.

A primeira é que não adianta atrair ninguém para si ou supostamente para Cristo, se não temos condições de guiar os que se achegam à luz da Palavra de Deus e da sã doutrina dos apóstolos. Se Fulano ou Sicrano tem atraído multidões, mas afasta estas multidões da pura Palavra de Deus, não está ganhando ninguém para Cristo!

A segunda é que a maioria das pessoas está, no desempenhar de seus “ministérios”, querendo na verdade ser maiores ou melhores que o próprio Mestre. Este é o problema central da coisa! Queremos ser maiores e melhores! Nosso Mestre, na opinião destes obreiros fraudulentos, deixou de ensinar muitas coisas... Assim, acrescentam-se novos ensinamentos ao puro ensino que Ele deixou, e os ensinamos como se fossem ensinamentos do próprio Senhor... Revelações... Doutrinas... Práticas... Novidades e mais novidades... Tudo isto transforma o Evangelho em uma colcha de retalhos, numa caricatura que se afasta das Escrituras e serve de chacota para o mundo.

Quantas almas você já ganhou para Jesus?
Espero que tenham sido muitas...
Espero também que tenham sido ganhas REALMENTE para Jesus, e não para seu próprio ego, e não para engordar as suas estatísticas pessoais e ministeriais, e não para se tornar um líder mais poderoso, e não para referendar seu ministério e dar a ele e o status de ministério aprovado por Deus com certificação ISO e tudo o mais, e não para afastar estas almas ainda mais da pura Palavra de Deus...

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós. Ai de vós, condutores cegos!...” (Mt 23:15-16)

Do blog do autor


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PAIS & FILHOS

Dia dos pais está chegando e temos em nossa frente uma ótima oportunidade para redimir tal festividade. Vejo três formas em que podemos fazer isto:
(1) meditarmos no amor do nosso Pai Celeste e amá-lo de todo nosso coração,
(2) amarmos nossos pais terrenos, honrando-os,
(3) compartilharmos o evangelho falando da paternidade de Deus.

Trataremos cada ponto em uma postagem. Começando hoje, iremos refletir sobre nosso Pai Celeste. No artigo abaixo, Ronald Hanko fala sobre nossa adoção espiritual, nos lembrando de “como é grande o amor que o Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos!” (1 João 3:1)

A adoção com muita freqüência não é incluída na ordem da salvação. A razão não é que a Escritura não fale dela, mas que ela é um benefício da justificação. Portanto, deve ser entendida como estando inclusa na justificação.
De fato, a adoção é o primeiro e o maior dos benefícios da justificação. Quando nossos pecados são livremente perdoados e somos feitos justos em Cristo, Deus não somente nos recebe, mas nos recebe também como seus filhos queridos.
A Escritura fala freqüentemente da nossa adoção, do fato que somos pela graça filhos de Deus, e que ele é o nosso Pai. Não é inapropriado, então, falar de adoção como um tópico distinto.
A adoção, como a justificação, tem vários passos. Ela pode ser traçada até os conselhos da eternidade e tem sua conclusão nos novos céus e nova terra. Os passos são esses:
Primeiro, Deus coloca seu amor em nós e nos escolhe desde a eternidade para sermos seus filhos (Rm. 8:29; Ef. 1:5). Lembre-se: Deus não nos escolhe porque merecíamos ou mereceríamos ser seus filhos, mas para que pudéssemos ser seus filhos. Fomos predestinados para a adoção de filhos.
Predestinados eternamente, preparados em Cristo, possuídos através do Espírito, e aperfeiçoados na eternidade – que obra maravilhosa e graciosa de Deus é a nossa adoção.

Segundo, no sofrimento e morte de Cristo Deus provê uma base legal para a nossa filiação, pois não teríamos nenhum direito ao seu amor paternal e cuidado e nenhum direito para morar em sua casa sem esse fundamento legal (Gl. 4:4,5; Ef. 2:13) Poderíamos pensar nisso da seguinte forma: nossos papéis de adoção foram escritos e selados com o sangue de Cristo.
Terceiro, somos realmente recebidos na comunhão e na família de Deus através da obra do Espírito, de forma que experimentamos seu amor e cuidado por nós (Gl. 4:6,7). Falando da vinda do Espírito Santo, João 14:18 diz literalmente: “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros”.
Nesse ponto na adoção, Deus faz uma maravilha que transcende a prática terrena da adoção. Deus pelo Espírito nos faz nascer de novo em sua própria imagem e semelhança, para que sejamos como ele, algo que nunca pode ser verdade com respeito aos nossos próprios filhos adotados (Ef. 4:24; 1 João 3:1,2).
Quarto, porque “ainda não se manifestou o que haveremos de ser” (1 João 3:2), haverá no dia do julgamento o que a Escritura chama de “a manifestação dos filhos de Deus” (Rm. 8:19). Então todos verão que estamos em Cristo, e seremos recebidos em nosso lar eterno para habitar ali com o nosso Pai para sempre. Nesse dia nossos corpos também serão adotados, isto é, redimidos da presença e poder do pecado (v. 23). É por isto que esperamos.
Predestinados eternamente, preparados em Cristo, possuídos através do Espírito, e aperfeiçoados na eternidade – que obra maravilhosa e graciosa de Deus é a nossa adoção. Como João diz: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1 João 3:1).
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 202-203.