sábado, 10 de setembro de 2011

TRADIÇÃO CONTEMPLATIVA: DESCOBRINDO A VIDA DE ORAÇÃO PLENA

Por Abner Pedraça
Praticar a presença de Deus não é apenas permanecer em silencio. Porém, se tentarmos focar a nossa mente nEle, e só nEle, por 5 minutos, nos parecerá uma eternidade, nossa mente fugirá, lutara contra isso. Ele deve ser o foco nas nossas petições, mas porque é tão dificil.
 Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?”Sl 42: 1-2
Será que somos apaixonados e anseamos por este dia?
Ou Jesus é um amuleto, funcionario, empregado ou qualquer outra coisa que precisamos sentir para crer ?

 Esta tradição trata do anseio humano pela prática da presença de Deus. A prática no início é um peso, mas depois se torna deleite. É o Rio Contemplativo da vida e da fé cristãs que pode nos mostrar o caminho de um verdadeiro relacionamento de intimidade com Deus. Quando sentamos com um amigo 5 minutos são poucos, mas com um desconhecido é uma eternidade. Jesus é um desconhecido para você?

Paradigma Bíblico da Pratica Contemplativa
Uma das expressivas ilustrações do rio contemplativo nas Escrituras é João. Os seus escritos transparecem o rio contemplativo. Entrar no grande amor de Deus e desfrutar dele é visto em João. De filho de trovão é chamado depois daquele que me ama por Jesus. Vida de oração é processual. a medida que nos achegamos a Ele, somos transformados.

E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?” Lc 9: 54

 Aqui ele ainda não entendia que o padrão de Jesus era mais elevado. Em outro episódio vemos João sendo intolerante,
E, respondendo João, disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios, e lho proibimos, porque não te segue conosco.
E Jesus lhes disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós.”
 Lc 9: 49-50

 Ele não compreendia que a missão possui natureza inclusiva. Em outra ocasião é a sua ambição ( Mc 10:35; Mt 20:21; Mc3:17),que o desnuda perante o Mestre, a síndrome da soberba é antiga, podendo atingir a todos.
Mas ele decide entrar na intimidade de Deus. Vejamos outros textos que nos fazem compreender a mudança.
Mc 5: 35-43,Estando ele ainda falando, chegaram alguns do principal da sinagoga, a quem disseram: A tua filha está morta; para que enfadas mais o Mestre?
E Jesus, tendo ouvido estas palavras, disse ao principal da sinagoga: Não temas, crê somente.
E não permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago.
E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoroço, e os que choravam muito e pranteavam.
E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? A menina não está morta, mas dorme.
E riam-se dele; porém ele, tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele estavam, e entrou onde a menina estava deitada.
E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi; que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te.
E logo a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande espanto.
E mandou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e disse que lhe dessem de comer.”
 Você pode imaginar o efeito que isso gerou sobre João?Ele entendeu que a morte era sujeita ao Mestre. Não há limites para o Deus encarnado.

Mc 9:2-8, “E seis dias depois Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou , em particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante deles;
E as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas como a neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra os poderia branquear.
E apareceu-lhes Elias, com Moisés, e falavam com Jesus.
E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, é bom que estejamos aqui; e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados.
E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi.
E, tendo olhado em redor, ninguém mais viram, senão só Jesus com eles.”

 Ele foi uma das únicas três testemunhas. Você imagina o que se passou na mente deste homem? Isto é um fenômeno para nós que vivemos na época do 3D, quanto mais para ele. Mas, eu fico pensando na sensação de privilégio, talvez isso corrobore para a sensação de exclusividade que João queria dar a ao ato de transmitir a mensagem do Reino de Deus.

Mc 14: 32-35, “E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro.
E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.
E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai.
E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.”
 Será que ele não escutou a oração, não viu Jesus sangrando?

Esses e outros acontecimentos produziram uma mudança impressionante de João. É o amor de Jesus que transforma pessoas. Não são sermões moralistas, é o amor. Ele cobre multidões de pecados, mas não é sentimento, é essência, é o EU SOU, é Deus. A forma pouco importa o que vale é a fonte, a essência.

Na ceia, João sabia quem era o traidor (Jo 13: 21-30). Ele não era mais o filho do trovão, Ele permaneceu calmo e quieto, repousando a cabeça no peito de Jesus. Ele não brigou, não impediu Judas. Ele repousou sobre o Mestre, sobre seu Pastor, descansou.
Somente João e Pedro tiveram coragem de assistir o julgamento (Jo 18: 12-16). Ele pode ter acesso ao olhar piedoso e misericordioso de Jesus. Ele continuou sendo alvo do Amor de Deus. João foi o primeiro a crer na ressurreição.
Na pesca maravilhosa (Jo 21:8) ele reconhece a voz do seu amado.
João foi chamado vidente de Patmus, antes ele foi vidente da Galiléia, ele aprendeu a contemplar Deus, não importando o lugar.
O discípulo a quem Jesus amava aprendeu a responder a esse amor incondicional. E nossa correspondência a esse o grande amor de Deus por nós, é um tema proeminente nos escritos de João ( Jo 3:16,13:3435,15:9-13,17:26, 1 Jo3:11).
O chamado de João para o amor se refere a ações claras dirigidas a Deus e aos homens, ações originadas na ação sacrificial de Jesus em nosso favor (1 Jo3:16-18).
Nosso amor não é um amor original, mas um amor responsivo (1 Jo 4:19,9-10), Deus nos chama para um relacionamento de amor ilimitado, porém não é alienante. O mundo ao nosso redor é importante, o outro é relevante.
João merece o titulo que a história lhe deu ( 1 Jo 4: 16 - 18),  o Ap. João passou os últimos dias de sua vida como Bispo em Éfeso, e a frase sempre dita por ele era
 “ Amai-vos uns aos outros.”

Será que esse estilo de vida contemplativa pode ser praticado nos dias de hoje?
O que define a tradição contemplativa?
"Ser belo de alma tendo fogo purificador", ou seja é estar só, mas não sozinho.Orar, mas ouvir muito mais do que falar. Amar a Deus e também o próximo.
Texto escrito tendo como fonte o Livro "Rios de água viva", de Richard Foster

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